(Moreira Mariz / Agência Senado)
O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) assumirá pela segunda vez a presidência do Senado e vai presidir a Casa no biênio 2013-2014. Em votação nesta sexta-feira (1º) no Plenário, Calheiros recebeu 56 dos 78 votos e Pedro Taques (PDT-MT) obteve 18. Dois senadores votaram em branco e outros dois votaram nulo.
A eleição, feita em votação secreta por meio de cédulas, durou 35 minutos. Faltaram à votação os senadores Humberto Costa (PT-PE), Luiz Henrique (PMDB-SC) e João Ribeiro (PR-TO).
Em seu primeiro discurso como presidente do Senado, ele homenageou José Sarney (PMDB-AP). "Faço uma deferência especial ao presidente José Sarney, um visionário cuja história política é única. Foi ele que nos conduziu da escuridão da ditadura para a luminosidade democrática, legalizando partidos, a liberdade sindical e banindo a censura do Brasil".
Calheiros retorna ao comando da Casa cinco anos após renunciar ao cargo para não ser cassado pelos pares e uma semana após o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, tê-lo denunciado por peculato (desvio de dinheiro público), falsidade ideológica e uso de notas fiscais falsas ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Alagoano, nascido em 1955 na cidade de Murici, Renan Calheiros foi deputado estadual, duas vezes deputado federal e está no seu segundo mandato de senador. Foi ministro da Justiça no governo de Fernando Henrique Cardoso e, em 2007, renunciou à presidência do Senado em razão de acusações apresentadas ao Conselho de Ética da Casa.
Antes da votação Calheiros discursou e ignorou as denúncias que pesam sobre ele e disse que ética "é obrigação de todos". Ele apresentou algumas de suas propostas para os dois anos de mandato e pediu votos. "Eu peço à nossa Casa, a Casa dos iguais, o apoio e o voto de vossas excelências, consciente de que a escolha de cada um das senhoras e senhores senadores é, acima de qualquer coisa, uma demonstração de prestígio, homenagem e celebração à democracia."
Já Taques, ao subir à tribuna do plenário da Casa afirmou sua derrota na eleição para a Presidência do Senado. "Sei que a nossa derrota é certeira, transparente, inevitável, aritmética", afirmou no início da tarde desta sexta-feira. No discurso, citou figuras históricas, como Tiradentes, para afirmar o orgulho que sente por sua "corajosa" candidatura. "Tantas vezes é entre os derrotados, os que não conseguiram, que o espírito humano ressurge."
Denúncia
O site da Revista Época publicou nesta sexta-feira (1º) a íntegra da denúncia sigilosa oferecida por Gurgel contra Renan na semana passada. O procurador-geral sustenta que o peemedebista não tinha patrimônio suficiente para justificar os gastos com despesas pessoais decorrentes de um relacionamento extraconjugal. Na época do escândalo, em 2007, Renan foi acusado de ter esses gastos bancados por lobista de uma empreiteira.
Questionado antes da eleição pela reportagem, o ex-líder do PMDB não quis comentar sobre divulgação do conteúdo da denúncia criminal. "Estou confiante, não vi a reportagem", afirmou. Em 2007, o parlamentar apresentou notas fiscais para comprovar que o dinheiro obtido com venda de gado bancou os gastos extraconjugais. A Procuradoria-Geral da República considerou, no entanto, que as notas eram "frias". Se a denúncia criminal for aceita pelo Supremo Tribunal Federal, Renan passará da condição de investigado para a de réu.
Na época do escândalo, o peemedebista acabou absolvido no plenário do Senado de dois processos de quebra de decoro. Foram essas acusações que o levaram a abdicar da Presidência da Casa.
*Com informações da Agência Estado