Conta secreta era uma ‘poupança’ para a aposentadoria, diz João Santana

Estadão Conteúdo
25/02/2016 às 17:30.
Atualizado em 16/11/2021 às 01:34

"A conta era mantida como uma 'poupança' para sua aposentadoria", registra a Polícia Federal, nas quatro páginas do depoimento do marqueteiro do PT João Santana, preso há dois dias alvo da 23ª fase da Operação "Lava Jato". Ele e a mulher, Mônica Moura, são suspeitos de terem recebido pelo menos US$ 7,5 milhões por meio da conta secreta, na Suíça, em nome da offshore Shellbill Finance SA.

Os pagamentos foram feitos pela Odebrecht, por meio de offshores controladas por ela, segundo a "Lava Jato", e pelo operador de propinas ligado ao estaleiro holandês Keppel Fels Zwi Skornicki - também preso na nova fase batizada Operação Acarajé.

"Com relação à conta aberta na Suíça em nome da Shellbill Finance SA, acredita que tenha sido aberta por volta do ano de 1998/99 para recebimento de valores de aproximadamente 70 mil dólares de um serviço prestado na Argentina", registra a PF, no depoimento ouvido pelo delegado Márcio Adriano Anselmo.

"É o controlador da referida conta", afirmou Santana, segundo registro da PF.

Disse que não sabe quem são os beneficiários e que acreditava que a offshore era ligada à empresa Polis Argentina - que ele declarou ser dono apenas em 2015. O marqueteiro soube que a conta não era vinculada à empresa argentina em recente auditoria.

"(Santana) acredita que a conta passou a receber mais volume de recursos nos anos de 2011/2012 quando o declarante atuou nas três campanhas presidenciais no exterior", afirmou o marqueteiro. A campanha de Angola teria custado US$ 50 milhões, "não se recordando do custo das campanhas na República Dominicana e na Venezuela".

Santana diz não ter como esclarecer a origem dos valores que entraram na conta da Shelbill, nem o destino do dinheiro. "Mônica é responsável pelas movimentações na referida conta."

No caso dos recebimentos de offshores que seriam ligadas à Odebrecht, Santana disse desconhecer os pagamentos feitos pela empreiteira. No caso de Zwi, lembrou apenas que havia valores a receber pela disputa eleitoral em Angola.

O marqueteiro disse lembrar que "em alguns momentos, em razão de crises de liquidez, foram utilizados valores da referida conta para aquisição de equipamentos ou pagamentos de fornecedores".

Conta

Santana afirmou à PF que abriu a conta da Shellbill quando iniciou sua carreira internacional em 1998, nas eleições na Argentina. O marqueteiro do PT disse que no ano de 2002 retornou ao Brasil e atuou na campanha ao Senado de Delcídio do Amaral (PT-MS).

"No ano de 2005/2006, em razão do caso mensalão, foi convidado pelo então presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva para atuar na campanha à Presidência do mesmo", registra a PF. Citou em seu histórico profissional ainda as campanhas de Marta Suplicy e Gleisi Hoffmann, além da atuação como consultor na disputa eleitoral em Campinas.

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