(André Carvalho/Agência O Globo/Arquivo Hoje em Dia)
A defesa do governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), reconheceu nesta terça-feira (7) que foi o empresário Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, o Bené, quem pagou as despesas do petista e da mulher dele, Carolina de Oliveira, durante passeio que o casal fez na Bahia, em novembro de 2013.
Nessa mesma época, Pimentel era ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Já as empresas de Bené mantinham contratos milionários com o governo federal.
Ao Hoje em Dia, o criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, Kakay, informou que Bené pagou hospedagem e o deslocamento aéreo até o Resort Kiaroa Eco Luxury, localizado na Península de Maraú. Há 15 dias, no início da segunda fase da operação Acrônimo, que investiga Pimentel, Carolina e Bené, a defesa do governador havia informado que tinha sido Juliana Sabino Diniz de Souza, namorada do empresário, quem tinha arcado com a estada, por meio de um crédito junto ao estabelecimento.
Em 25 de junho, no mesmo dia da operação, o Hoje em Dia informou que o pagamento foi feito por Pedro Augusto Medeiros, apontado no inquérito como sócio-laranja de Bené. Segundo a Polícia Federal, foram R$ 9.702 quitados através de TED e o restante, R$ 2.425,50, em depósito não identificado, perfazendo um total de R$12.127,50.
“É óbvio que quem pagou foi o Bené. Como foi feito o pagamento, a Carolina não acompanhou. Ela era namorada dele (Fernando Pimentel) e ele acompanhou. Isso (código de ética do servidor) será discutido tecnicamente no processo”, declarou.
Pela norma, servidores públicos não podem ganhar presentes acima de R$ 100. Sobre o deslocamento, Kakay disse: “Eles foram no avião do Bené ou em um avião alugado por ele. Não estamos negando absolutamente nada”, afirmou.
O processo tramita no Superior Tribunal de Justiça (STJ). O inquérito investiga lavagem de dinheiro, corrupção e caixa 2 eleitoral em contratos supostamente fraudados com a União. Em dez anos, as empresas de Bené receberam R$ 500 milhões do governo federal. Uma delas, a Gráfica Brasil, prestou serviços para a campanha de Pimentel para o governo de Minas.
Uma empresa ligada à primeira dama ainda é suspeita de ter recebido quase R$ 4 milhões do BNDES quando Pimentel era ministro do Desenvolvimento. A operação Acrônimo teve início em novembro de 2014, quando Bené foi detido pela PF no aeroporto de Brasília com R$ 116 mil em dinheiro. Carolina e Bené negam irregularidades nos contratos. Pimentel não comenta o assunto.
“O Bené pagou tudo, a estada e o deslocamento de avião. Vamos fazer uma defesa técnica. Não negando absolutamente nada” Antônio Carlos de Almeida - Defensor de Pimentel