(Reprodução/Twitter)
A ex-presidente da República Dilma Rousseff afirmou nesta sexta-feira (2) que está em curso no Brasil uma grande repressão às manifestações contra o impeachment. Em diversos momentos de sua entrevista para jornalistas estrangeiros, Dilma disse recear que o Brasil, sob o comando de Michel Temer, caminhe para um processo autoritário.
"Eu acho que temer as palavras é o começo do processo que leva ao autoritarismo. Não é possível que não se possa falar o que se pensa, como por exemplo 'Fora Temer'", comentou. Ela disse que isso começa "furando o olho de uma menina", em referência à manifestante que perdeu a visão em São Paulo devido aos estilhaços de uma bomba jogada pela polícia, "e depois se mata alguém".
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"Assim começam as ditaduras, não precisa ser de militares, pode ser civil disfarçada. Eu vou ficar muito atenta e vou fazer o que puder para que isso não aconteça. Eu nunca pensei que pudesse ter essa preocupação (com a volta da ditadura)", comentou.
Dilma disse que em seu governo tolerou diversas manifestações contrárias e afirmou que prefere "a voz rouca das ruas gritando nos meus ouvidos do que o silêncio dos cárceres".
Ela afirmou ainda que Temer está implementando um programa político que não foi o escolhido pelas urnas em 2014. "Se ele se aproveitou de sua condição de vice para assumir, deveria ao mesmo implementar o programa da chapa pela qual foi eleito". Ela também disse que as perdas de direitos individuais e coletivos que estão sendo impostas pelo governo Temer "não passam nas urnas nem hoje, nem amanhã, nem depois".