O relator do processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, afirmou que o ex-ministro da Casa Civil "José Dirceu mantinha influência superlativa" sobre os demais réus do esquema, principalmente os réus ligados ao núcleo publicitário. Nessa parte do julgamento pelo crime de corrupção ativa, o ministro fez mais uma ligação entre o ex-ministro, diretores de bancos e Marcos Valério ao citar a venda do apartamento de Maria Angela Saragoça, ex-mulher de Dirceu, envolvendo o ex-advogado do publicitário Rogério Tolentino.
O apartamento em São Paulo foi negociado por R$ 115 mil, com a ajuda de Marcos Valério e Tolentino, pelo petista Ivan Guimarães, ligado à direção do Banco do Brasil e depois ao Banco Popular. O ministro disse que Guimarães não tinha o dinheiro para comprar o apartamento e pediu ajuda a Tolentino.
Joaquim Barbosa lembrou parte do depoimento de Maria Angela Saragoça, na qual ela conta que expôs a vontade de vender o imóvel ao ex-ministro José Dirceu que, no entanto, não tinha condições de ajudá-la. Mas, logo depois, ela foi apresentada a Marcos Valério pelo petista Sílvio Pereira, ex-dirigente do PT, o que resultou na venda do apartamento.
Ainda sobre favores prestados à ex-mulher, Barbosa citou o empréstimo do Banco Rural, no valor de R$ 42 mil. Segundo o ministro, os depoimentos mostram que esse empréstimo foi feito de forma não corriqueira nem dentro da rotina do banco. Além disso, o relator citou que o BMG empregou a ex-mulher do ministro. "Os fatos e as provas revelam que os personagens envolvidos nos comprovados favores só os prestaram por se tratar da ex-mulher do chefe da Casa Civil", afirmou o relator, Joaquim Barbosa.
http://www.estadao.com.br