Disputa pela prefeitura está na mira de Pimentel, Aécio, Lacerda e PMDB

Thiago Ricci - Hoje em Dia
17/05/2015 às 07:26.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:03
 (Wilton Junior/Estadão Conteúdo 24/10/2014, Wesley Rodrigues/Hoje em Dia, Marcelo Prates/Hoje em Dia)

(Wilton Junior/Estadão Conteúdo 24/10/2014, Wesley Rodrigues/Hoje em Dia, Marcelo Prates/Hoje em Dia)

A disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte em 2016 promete ter importância para o cenário político nacional como jamais visto. Se as opções na urna poderão até soar como novidade para o eleitor belo-horizontino, a composição dos candidatos e, consequentemente, o resultado das eleições reservam uma guerra entre os principais nomes do Estado, cada um com ambições em Brasília – o governador Fernando Pimentel (PT), o senador Aécio Neves (PSDB), o prefeito Marcio Lacerda (PSB), e o PMDB.

Cada uma das forças enxerga na Prefeitura de BH o passaporte ideal para as respectivas ambições em 2018. Pimentel, em meio a uma crise nacional do PT, pode emplacar o governo mineiro, berço político de Aécio Neves, e a PBH em dois anos, se tornando o candidato ideal para a eleição presidencial, principalmente se o cenário não estiver propício para o ex-presidente Lula. Alternância   Na disputa interna com o PSDB paulista, Aécio precisa mostrar força em Minas Gerais após a derrota para Dilma Rousseff em 2014. Nada melhor do que acabar com a alternância de PSB e PT e voltar a colocar os tucanos na principal cadeira do Executivo de BH após 24 anos – Eduardo Azeredo foi o último, e saiu em 1992.
Já Lacerda tem a prova de fogo para afastar o estigma de ter sido sustentado pela dobradinha Aécio-Pimentel e se consolidar de vez para a disputa do Senado ou até mesmo governo de Minas em 2018. Por fim, o PMDB de BH quer pegar carona no movimento nacional do partido, que virou protagonista da política nacional, aproveitando nomes de relevância local.

Acirramento   “Ao que tudo indica, a eleição de 2016 será a mais disputada dos últimos tempos, com várias forças no embate. O PMDB percebeu que havia perdido espaço em disputas estratégicas importantes. O PSDB sabe que ser coadjuvante na capital é aquém do poder em BH, principalmente com a vitória do Aécio nas últimas eleições municipais. O PT tenta retomar um território que já foi seu e o PSB quer ser protagonista na capital com Marcio Lacerda”, analisa o cientista político da PUC-MG Malco Camargo.
“Para enfrentar o PSDB paulista, Aécio tem que voltar as forças para Minas, já que o partido tem apenas duas das 20 maiores prefeituras”, diz o consultor de marketing eleitoral Hye Ribeiro. “O PT precisará driblar a má avaliação do governo federal para retomar a capital, já que perdeu o controle ao apoiar Lacerda”, afirma a professora do Departamento de Ciências Políticas da UFMG Helcimara Telles.   Capital mineira terá ferrenho embate por coligações para 2016   Sempre fundamentais nas eleições, as coligações terão um tempero a mais em Belo Horizonte. Vencedor de quatro das últimas cinco disputas pela prefeitura da capital mineira, o PSB aparece fortalecido nas articulações para 2016, além da postura cada vez mais clara do PMDB de se desgrudar do PT. Somado a tudo isso ainda há o ferrenho embate entre petistas e tucanos, o que resulta em uma guerra nos bastidores para definir os apoios.
Mesmo longe até mesmo de ter o chamado candidato natural (leia mais na página 6), o PSDB já dá como certa a coligação com o PSB. “A chave da vitória será o entendimento com o prefeito (Marcio Lacerda). Já apoiamos o PSB duas vezes e achamos muito importante que o candidato seja do PSDB”, adiantou o presidente do partido em Minas, deputado federal Marcus Pestana.
No entanto, nem mesmo a definição do apoio será simples. “A gente não dá como certa a coligação com ninguém. A tendência é apresentar candidato próprio. Diante da fusão com PPS, a disputa ganha outra conotação”, diz o presidente estadual do PSB, deputado federal Júlio Delegado, que já entrou em rota de colisão com Lacerda em algumas ocasiões.
Na próxima semana, o PT planeja se reunir com a direção do PMDB para tentar aproximar uma coligação para 2016. “Vamos evitar ao máximo o confronto com os partidos que foram base da campanha do Pimentel (PMDB, PCdoB, PROS e PRB). Se não for possível, que ao menos deixemos encaminhada a aliança para o 2º turno”, diz Durval Ângelo, líder do governo na Assembleia.
Por enquanto, no discurso, os peemedebistas descartam abrir mão da candidatura própria. “Qualquer projeto político do PMDB passa pela PBH”, diz o presidente estadual do partido, Antônio Andrade.   Sangue novo é alternativa à atual crise de confiança na política nacional   Se a composição para a disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte em 2016 ainda está distante de uma definição, ao menos é praticamente consenso entre especialistas e os próprios parlamentares que a classe política passa hoje por uma crise. Justamente para driblar essa falta de confiança, uma saída seria apresentar nomes novos aos eleitores belo-horizontinos.   Do lado petista, os favoritos são o atual secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Miguel Corrêa, e o deputado federal Gabriel Guimarães, filho de Virgílio Guimarães. Ambos têm menos de 40 anos e são muito próximos de Pimentel. Correndo por fora estaria Helvécio Magalhães, atual secretário de Estado de Planejamento e Gestão e um dos coordenadores da campanha eleitoral do governador.
Por fim, ainda pelo PT, existe o grupo liderado por Patrus Ananias, composto pelo secretário de Trabalho e Desenvolvimento Social, André Quintão, e Roberto Carvalho, entre outros. Apesar de derrotado em 2012, Patrus teve 523 mil votos e foi disparado o mais votado em BH em 2014 entre deputados federais e estaduais, com 80 mil votos. No entanto, há um desgaste desse grupo em detrimento aos aliados de Pimentel e, nos bastidores, Patrus já teria descartado uma possível candidatura.
“Patrus é ministro, então vai depender como estará a situação do segundo mandato da Dilma, muito mal avaliado até o momento. Não sei se teria sucesso”, diz a professora de Ciências Políticas da UFMG Helcimara Telles. Anastasia fora?   No PSDB, um nome considerado imbatível pelos correligionários está cada vez mais distante da candidatura: o do senador Antonio Anastasia. Há a vontade do próprio Anastasia de permanecer no Senado. Ele teria relatado o desejo aos tucanos encarregados da sucessão em BH.
Os aliados também consideram um risco desnecessário um ex-governador bem avaliado e senador perder uma disputa municipal. “Ter cadeira no Senado é importante, lembrando que o suplente do Anastasia não é do PSDB, é Alexandre Silveira, do PSD”, lembra o cientista político Malco Camargo.
Anastasia fora do baralho, surge como favorito João Vitor Xavier, eleito deputado estadual com 31 mil votos em BH no ano passado, e que alcançaria um público mais humilde por sua popularidade na rádio Itatiaia. Dentro do partido, os concorrentes seriam o deputado federal Rodrigo de Castro, filho do ex-secretário de Governo de Aécio Neves, Danilo de Castro, e, mais enfraquecido, o deputado estadual João Leite.

PSB e PMDB   No caso do PSB, as opções no partido não são das mais variadas. Além de Júlio Delgado, cujo principal fiador é ele mesmo, o deputado federal Josué Valadão, ex-secretário de Obras da capital, seria a principal carta na manga de Marcio Lacerda. Já o PMDB possui opções para BH como poucas vezes teve. Leonardo Quintão, que foi ao 2º turno em 2008 com Lacerda, reaparece com força dentro do partido, além do também deputado federal Laudívio Carvalho e do deputado estadual Sávio Souza Cruz.   Nanicos podem ter papel de destaque nas eleições em 2016   Sempre correndo por fora, os políticos filiados a partidos nanicos podem assumir certo protagonismo nas eleições para a Prefeitura de Belo Horizonte no próximo ano. É certo que todos os postulantes têm praticamente cinco meses para mudar de legenda, mas hoje, mesmo em partidos menores, aparecem com força em BH.
Provavelmente o nome mais relevante hoje é Dinis Pinheiro (PP). Presidente da Assembleia mineira no último mandato, Pinheiro sacrificou-se pelo PSDB, em 2014, avaliam tucanos, quando foi candidato a vice-governador na chapa encabeçada por Pimenta da Veiga. Uma forma de pagar a dívida seria lançar o ex-presidente da ALMG como cabeça em uma coligação entre PSDB e PSB.
Luzia Ferreira, hoje no PPS, também aparece com força no provável acordo entre Aécio e Lacerda. Com a fusão PPS-PSB, a ex-secretária municipal de Governo nem precisaria trocar de legenda.

Soma forte   Wellington Magalhães (PTN), presidente da Câmara dos Vereadores de BH, atua pesado nos bastidores para aglutinar os nanicos e fazer barulho em 2016. “O Wellington Magalhães está tentando juntar os partidos menores para fazer soma forte e oferecer ao Lacerda o seguinte: ‘Olha, juntamos todos, agora vem com a gente’”, analisa o publicitário e consultor de marketing eleitoral, Hye Ribeiro.
Com menos força, aparecem nomes como o vice-prefeito Délio Malheiros (PV), o deputado federal Eros Biondini (PTB) e o deputado estadual Fred Costa (PEN), o segundo mais votado na capital em 2014 – 35 mil.   Força da mídia   Quem mais angariou votos nas eleições para deputado estadual no ano passado foi Mario Henrique Caixa (PCdoB), com 46 mil. O locutor esportivo é outro que aparece com relevância impulsionado principalmente pela exposição da mídia. “O Caixa está sendo namorado de perto pelos três partidos grandes. PCdoB vem sendo, nas últimas eleições, um parceiro do PT, mas não está descartada alguma surpresa para 2016”, avalia Ribeiro.
Outros dois radialistas são citados como fortes postulantes à PBH: o deputado estadual João Vitor Xavier (PSDB), o quarto mais votado na capital, com 31 mil, e Laudívio Carvalho (PMDB), que se elegeu deputado federal com 39 mil votos em BH.

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