(Frederico Haikal/Hoje em Dia)
Ao contrário do entendimento da presidente Dilma Rousseff (PT), o procurador-geral da República (PGR), Rodrigo Janot fez uma veemente defesa da delação premiada dizendo que quem colabora com à Justiça não é X-9 e nem alcaguete. Segundo Janot, a “Lava Jato” já recuperou R$ 6 bilhões desviados da Petrobras. “Existe um imaginário em torno da delação premiada, o colaborador da Justiça. Não é X9, não é alcaguete. A colaboração premiada deu certo em vários países. Primeiro, o sujeito reconhece a prática do crime. A partir daí, ele diz as pessoas que cometeram crime junto com ele. Mas isso não é suficiente, tem que ter provas, senão não vale e o sujeito vai para a cadeia em 98% dos casos. Não se trata de X9, aquele que fala e sai bem da história. Se a delação for muito boa é possível até conseguir um perdão. Caso contrário, não. Não podemos banalizar”, declarou. Em junho, a presidente Dilma afirmou, durante visita aos Estados Unidos, que não respeita delatores. Ela se referia ao empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC, que revelou ter contribuído com a campanha presidencial. “Eu não respeito um delator, até porque eu estive presa na ditadura e sei o que é. Tentaram me transformar em delatora, a ditadura fazia isso com as pessoas”, disse a presidente. Rodrigo Janot participou de uma palestra em Belo Horizonte nesta sexta-feira, dia (7), para 400 estudantes de Direito de uma faculdade particular. Questionado pelos alunos, Janot afirmou que os investigadores da “Lava Jato” recuperaram R$ 6 bilhões, entre valores bloqueados, repatriados e depositados em juízo, de recursos desviados pelo esquema do Petrolão. Alegando que não falaria sobre a investigação que corre em segredo de Justiça, o PGR não forneceu mais nenhum detalhe sobre o ressarcimento. O chefe do Ministério Público Federal (MPF) ressaltou que a “Lava Jato” é uma apuração técnica. Tanto que o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou 56 mandados contra políticos investigados com foro privilegiado por prerrogativa de função. Ele evitou polemizar em relação a conduta do senador Fernando Collor (PTB-AL). Nesta semana, Collor atacou novamente o procurador e chegou a chamá-lo de “filho da p...” em discurso de ataque no plenário do Senado. “Não vou falar de pessoas que estou investigando. Mas ele atacou a minha honra e a honra da minha mãe”, ironizou. Janot disse ainda que a Petrobras é vítima e que o país está caminhando no rumo certo no combate à corrupção. “Evoluímos muito. Temos hoje ferramentas copiadas em todo o mundo”. O PGR criticou duramente o sistema prisional do país e se posicionou contrário a diminuição da maioridade penal. “Não faz inveja à época medieval. Vi seres humanos serem mais maus tratados do que animais. É assim no Brasil inteiro. Frustrante”. Em interação com a plateia, Janot fez questão de dizer que foi criado no bairro Santa Tereza, um dos mais boêmios de BH, e que não dispensa um torresmo e cerveja.