(Elza Fiúza/Abr)
SÃO PAULO - O ex-ministro José Dirceu (Casa Civil) divulgou nota em seu blog nesta quinta-feira (10) na qual afirma que o procurador-geral da República Roberto Gurgel "confessa", em entrevista à Folha de S.Paulo, que não havia provas contra ele no processo do mensalão. Na nota, o ex-ministro ainda diz que as declarações de Gurgel "lançam a suspeita da existência de outros crimes que ele não denunciou".
Em entrevista publicada hoje, Gurgel afirma que o mensalão é "muito maior, muito mais amplo, do que aquilo que acabou sendo objeto da denúncia". O procurador diz ainda haver "uma série de elementos de prova" que apontam para a participação efetiva de Dirceu, e que a teoria do domínio do fato confirma que ele era chefe do esquema.
"É possível, sim, responsabilizá-lo a despeito da inexistência da prova direta. Prova havia bastante do envolvimento dele", afirmou Gurgel.
Farsa
No texto publicado em seu blog, Dirceu diz que Gurgel se baseou "na farsa de supostos telefonemas e reuniões-relâmpago" para acusá-lo de ser o chefe da quadrilha no esquema. O ex-ministro afirma que seus sigilos fiscais, bancário e telefônico foram quebrados, sem que fosse produzida nenhuma prova a partir deles. "Sou inocente porque não cometi crime algum. Não há crime. E por isso não há provas", escreveu Dirceu.
Condenado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) a quase 11 anos de prisão pelos crimes de corrupção ativa e formação de quadrilha, o ex-ministro voltou a afirmar que a acusação aplicou a teoria do domínio do fato de forma "equivocada".
Além de rebater os métodos de Gurgel no processo do mensalão, Dirceu diz que o procurador "se recusou" a investigar o senador cassado Demóstenes Torres (GO, sem partido) e o empresário Carlinhos Cachoeira, contra os quais afirma que há indícios de irregularidades.
O ex-ministro ainda diz que as declarações de Gurgel à Folha "lançam a suspeita da existência de outros crimes que ele não denunciou".