Durante comemoração em BH, dançando ao ritmo do jingle de campanha, Bolsonaro acabou fazendo o gesto do "L" que é símbolo do adversário, Lula (PT) (FOTO: MAURÍCIO VIEIRA / JORNAL HOJE EM DIA)
Quinhentos e sessenta e quatro mil votos. Esse é o mínimo que o presidente Jair Bolsonaro (PL) precisa conquistar em Minas para tentar reverter a preferência pelo candidato petista no Estado. O número equivale à diferença de votação que os dois postulantes ao Palácio do Planalto conquistaram no primeiro turno das Eleições 2022. A tarefa não é fácil, mas Bolsonaro tem se esforçado para reverter esse quadro e, nesta sexta-feira (14), focou suas investidas nos prefeitos mineiros.
Em evento realizado pela Associação Mineira dos Municípios (AMM), Bolsonaro se reuniu com centenas de gestores municipais, vereadores e outros políticos aliados pedindo que o ajudem a angariar mais votos no Estado. Em um auditório lotado, contou ainda com o apoio do governador reeleito Romeu Zema (Novo), que teve mais de 6 milhões de votos e que tem se empenhado na campanha bolsonarista.
Nesta terceira visita ao Estado em uma semana, Bolsonaro disse que é municipalista e enfatizou que não deixou os municípios desamparados, enviando recursos às cidades. “É porque vocês merecem. Desconheço no Brasil um só prefeito que tenha atrasado salário. Eu sou municipalista”, disse o presidente no evento.
Ele recebeu da AMM a Carta dos Municípios Mineiros, um documento com demandas listadas pelos prefeitos. Entre as reivindicações estão a pavimentação e duplicação de rodovias, revisão da Lei Kandir, adicional do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), investimentos em segurança hídrica, compensação financeira para a exploração da silvicultura (Royalties da Silvicultura), compensação financeira por perdas tributárias e mais autonomia financeira e administrativa dos municípios.
No palanque com Bolsonaro, Zema classificou a tarefa dos prefeitos como “trabalho de formiguinha” na busca pelos votos necessários nas cidades para garantir a vitória do candidato à reeleição em Minas.
Nova secretaria
Na reunião, Bolsonaro prometeu, caso seja reeleito, criar a Secretaria Especial de Municípios – que é o último item das propostas entregues pela AMM ao candidato.
Também voltou a prometer a recriação do Ministério da Indústria, do Comércio Exterior e Serviços, como disse na Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), e acrescentou que o chefe da pasta deve ser um mineiro. “Eu já falei com o presidente da Fiemg. Ele pediu, será recriado esse ministério. E, certamente, o ministro será de Minas”, afirmou Bolsonaro, em afago aos gestores mineiros. Nos bastidores, há especulações de que esse ministro seja o próprio Flávio Roscoe, presidente da Fiemg.
Demandas
O presidente da AMM, Marcos Vinicius Bizarro (PSDB), prefeito de Coronel Fabriciano, enfatizou a importância do documento municipalista, concluído com a participação dos prefeitos e prefeitas presentes. “É a pauta dos municípios mineiros que será entregue aos candidatos à Presidência e queremos o compromisso para que haja avanços significativos em um próximo governo”, disse.
Segundo o prefeito, o que a associação quer é ser ouvida. “Nós, prefeitos e prefeitas, que atendemos o cidadão lá na ponta, podemos contribuir muito para que ações mais concretas em nível do governo federal sejam efetivadas em prol dos municípios mineiros, com reflexo positivo na vida das pessoas”, afirma o líder municipalista.
Apesar de ressaltar no evento com os prefeitos durante a manhã que a AMM é apartidária e que o documento será também entregue ao candidato do PT, Marcos Vinicius gritou, no palco “nossa bandeira nunca será vermelha”. O tucano, inclusive, ameaça sair do partido por não concordar com o apoio da legenda a Lula.
“Nós, prefeitos de Minas Gerais, estamos com o sr. (Jair Bolsonaro) porque o nosso governador, um dos homens mais honrados que já passou por Minas, um homem que pegou Minas arrasada pelo PT, R$ 14 bilhões de dívida, e honrou com todos nós prefeitos e vem honrando no dia a dia”, disse Marcos Vinicius.