A imprensa da Argentina tem enfrentado "um clima crescentemente hostil" no último semestre, pressionada por "resoluções governamentais, manobras judiciais, declarações amedrontadoras de funcionários públicos, medidas de fato contra as mídias e ataques físicos a jornalistas".
Com essa denúncia, a mais dramática do dia, o delegado argentino na 68.ª Assembleia-Geral da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), Daniel Dessein, deu o tom do domingo (14), na sessão de leitura de relatórios da Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação da entidade. Desde sexta-feira, cerca de 450 jornalistas e donos de meios de comunicação participam do encontro, no Hotel Renaissance, em São Paulo.
Na sessão foram destaque, também, os relatórios do Brasil, da Venezuela, do Equador e do México, entre outros. Mas foi o depoimento argentino, acompanhado de um forte vídeo de 10 minutos sobre o que o governo Cristina Kirchner vem fazendo, principalmente contra o jornal El Clarín, que mais preocupou.
Em sua maior parte, o relato de Dessein detalha os métodos que o governo Cristina Kirchner tem utilizado para calar a mídia - um deles é o uso cada vez maior das verbas públicas em campanhas contra a mídia. Outro recurso do governo, apontou Dessein, é o uso escancarado das cadeias nacionais para falar a todo o País contra jornalistas e outros adversários.
"A presidente põe em perigo o direito da cidadania a estar informada", afirmou Dessein. Segundo seu relato, 15 mil emissoras e jornais argentinos estão no momento sob ameaça. "O governo não intimida só jornais, mas todo cidadão que se lhe anteponha", advertiu. Seu balanço revela que houve, no semestre, 161 ataques a jornalistas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo
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