Em meio a crise, cúpula do PT faz reunião em BH; festa de aniversário será hoje

Bruno Porto - Hoje em Dia
06/02/2015 às 07:01.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:55
 (Divulgação)

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Começou na manhã desta sexta-feira (06), a reunião do diretório nacional do PT, no Hotel Ouro Minas, no bairro Ipiranga, na região Nordeste da capital, com as presenças do presidente do partido Rui Falcão, do tesoureiro João Vaccari Neto, e outras lideranças.

O líder do governo estadual na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, Durval Ângelo, disse que as denúncias de corrupção na Petrobras, como desdobramento da operação "Lava-Jato", não tiram o brilho das comemorações, mas que é necessário autocrítica e colocar o código de ética do partido em prática.

Ele também afirmou que as auditorias realizadas no governo estadual apontam a participação em corrupção no governo de Minas das mesmas empreiteiras envolvidas na "Lava Jato". Ele não detalhou o esquema. "Não estou autorizado a divulgar, mas são casos estarrecedores", afirmou Durval.

Sobre a crise no partido, o deputado Durval Ângelo disse que está faltando transparência. "Tínhamos um tripé que nos era muito caro: participação popular, inversão de prioridades, ética e transparência. O último pé deste tripé está abalado". Sobre a auditoria no governo estadual, ele afirmou que o prazo é de 90 dias para conclusão e até lá não vão detalhar. "Tem corrupção total e absoluta", disse o deputado.

Já o ex-governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, explicou que tem de haver diálogo para superar os problemas. "Está pairando no Brasil um espírito golpista. Não no sentido de golpe militar, mas de se criar uma instabilidade. O governo tem de falar, orientar sua base, para que se faça um embate político". Segundo ele, as denúncias que estão surgindo sobre a Petrobras estão acontecendo há anos. "A questão da Petrobras, todo mundo sabe, acontece há mais de 20 anos, não é de hoje. Está sendo cobrado um tributo do PT que é parte de uma manipulação política muito forte", disse.

 

Crise no partido

Às vésperas da festa de 35 anos de fundação, o PT dá sinais de desgaste interno em decorrência da maior crise institucional da legenda. Enquanto a direção nacional saiu em defesa do tesoureiro do partido, João Vaccari Neto, questionando as acusações de que ele teria recebido para o partido de US$ 150 milhões a US$ 200 milhões de 2003 a 2013, uma importante liderança estadual enfatizou que ele deve ser responsabilizado, se forem comprovadas as denúncias.

O deputado federal petista licenciado por Minas Gerais, Odair Cunha, que ontem também se licenciou da presidência estadual da legenda para assumir a secretaria de Estado de Governo, rifou Vaccari. “Pessoas do Partido dos Trabalhadores que se envolverem em qualquer desvio de conduta devem ser responsabilizados. Isso serve para o cidadão Vaccari e qualquer outro filiado”, enfatizou.

A nova denúncia de corrupção foi feita pelo ex-gerente de engenharia da Petrobras Pedro José Barusco Filho em delação premiada, dando origem à 9ª fase da operação “Lava Jato”, da Polícia Federal. Vaccari depôs nesta quinta-feira (5).

 

Rui Falcão questiona coerção da PF contra diretor da sigla

O presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), Rui Falcão, afirmou ontem em Belo Horizonte que o momento da divulgação da denúncia contra o tesoureiro nacional do partido, João Vaccari Neto, e a ação da Polícia Federal para colher o depoimento dele, de forma coercitiva, não foi uma coincidência.

“Deveria chamar a atenção de vocês todos. Eu só vi o nome do Vaccari, não vi os outros nomes, às vésperas do encontro do PT. Ele está à disposição das autoridades. Não havia nenhuma razão para essa tal de condução coercitiva”, criticou.

Para o presidente da legenda, não há intranquilidade e “tudo será desmentido pelos próprios fatos”. Falcão argumentou que o partido nunca recebeu doações de empresas estatais ou de empresas que fossem vedadas pela legislação, e aproveitou para defender a tese do financiamento público de campanha. “Nós temos lutado para mudar esse esquema do financiamento empresarial. Essa elite que nos acusa de falsas corrupções, essa elite insiste em manter”, afirmou.

Já o deputado federal Reginaldo Lopes (PT) acredita que a divulgação das denúncias de propina, às vésperas da comemoração dos 35 anos do PT, faz parte da tentativa da oposição de encaminhar um golpe contra a presidente Dilma Rousseff (PT).

“Nós vamos comemorar os 35 anos com a consciência tranquila. É o partido que mais combate a corrução. E também (as denúncias contra Vaccari) vai servir de uma energia para a gente sair à luta. O que percebo é que o maior partido de oposição, por incompetência de ter um projeto alternativo ao Brasil, e por incapacidade de convencer o povo brasileiro que eles têm uma saída para as questões do país, começam a aderir à tese do golpe. Começa a desenhar um roteiro para fazer o golpe”, afirmou.

Já o presidente licenciado do PT-MG, Odair Cunha, afirmou que o tesoureiro do partido, João Vaccari Neto, deve “prestar contas ao partido e à sociedade” e “ser responsabilizado” por qualquer eventual “desvio de conduta” que tenha cometido.

 

Comemorações

As comemorações do aniversário do partido começaram às 10h, quando o diretório nacional se reuniu no hotel Ouro Minas. Rui Falcão dará início aos debates e às 17h haverá um ato no Minascentro. A presidente Dilma é dada como presença certa. O governador Fernando Pimentel e o ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, também estarão presentes. O ex-presidente Lula, que já se encontra em BH, e o ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Luiz Dulci, vão liderar o processo de renovação do PT.

 

VACCARI: "Respondi a tudo com transparência, lisura e tranquilidade". (Foto: Estadão Conteúdo)
 

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