Erro paulista na apuração de crime político da época da ditadura

Amaury Ribeiro Jr. E Rodrigo Lopes - Hoje em Dia
15/10/2013 às 06:39.
Atualizado em 20/11/2021 às 13:20

Convidada pela Associação Brasileira de Anistiados Políticos e pelo Ministério Público Federal de São Paulo para ajudar nas investigações das ossadas da chamada “Vala de Perus” (onde foram enterrados presos políticos mortos durante a ditadura militar), uma equipe de peritos forenses da Argentina apresentou relatório que caiu como uma bomba no colo do governador Geraldo Alckmin (PSDB). O laudo embasa uma ação movida pelo MPF contra os peritos de SP que, na tentativa de identificarem os restos mortais dos presos políticos, teriam cometido erros grosseiros.

Troca

O laudo dos argentinos atinge principalmente a perita Norma Bonaccorso, que acaba de ser empossada pelo governador Geraldo Alckmin no cargo de diretora da Polícia Técnica Científica de São Paulo. Norma e seus colegas de trabalhos são acusados pelos peritos argentinos de trocar as ossadas dos desaparecidos políticos por um simples motivo: “falência técnica e falta de metodologia”. A Perícia técnica de São Paulo não teve nem sequer o cuidado de limpar, identificar e catalogar os restos mortais.

Vala clandestina

Em 1990, a descoberta de uma vala clandestina com 1.564 ossadas no Cemitério Dom Bosco, zona leste de São Paulo, provocou a instalação da Comissão de Especial de Investigação das Ossadas de Perus na Câmara Municipal de SP. A suspeita era que na vala estivessem enterrados os corpos de presos políticos desaparecidos e de pessoas assassinadas pelo Esquadrão da Morte. Os restos mortais foram enterrados como indigentes em numa vala clandestina que não constava das plantas do cemitério.

Descaso

Parte dessas ossadas foi encaminhada à Unicamp para identificação, onde permaneceu durante 10 anos em total abandono. O descaso da instituição levou o Ministério Público Federal a entrar com uma ação civil pública, que resultou na remoção das ossadas.

Responsável

Por determinação dos procuradores federais, o governo de São Paulo ficou responsável pela identificação dos restos mortais. Mas apesar de o governo ter gasto uma fortuna na compra de equipamentos e em cursos dos técnicos no exterior, infelizmente mais uma vez nenhuma ossada foi identificada.

Denunciados

Além da atual diretora da Polícia Técnica Científica de São Paulo, foram denunciados ainda pelo MPF Celso Perioli, à época diretor superintendente da Polícia Técnica Científica do Estado de SP e o perito criminal Badan Palhares, aquele mesmo que ganhou o apelido de Badan Falhares devido a sua atuação “brilhante” no Caso Paulo César Farias, o PC Farias. 

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