Estado vai recuperar documentação da ditadura em Minas

Humberto Santos - Do Hoje em Dia
20/10/2012 às 08:41.
Atualizado em 21/11/2021 às 17:23
 (Acervo Projeto República/UFMG)

(Acervo Projeto República/UFMG)

O governador Antonio Anastasia (PSDB) vai aproveitar a visita da Comissão Nacional de integrantes da Verdade ao Estado para propor parceria com Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos (Conedh). Pelo convênio a ser proposto pelo governador na próxima terça-feira, o Estado vai recuperar e digitalizar os documentos com depoimentos e informações sobre a ditadura, que estão sobre a guarda do Conedh e disponibilizá-los à comissão.

Os membros da CNV participam na segunda-feira de audiência pública na UFMG para discutir violações de direitos humanos de estudantes à época. No dia seguinte, o grupo tem reuniões de trabalho e almoça com o governador.

Anastasia vai propor a parceria após o coordenador da comissão, ministro Gilson Dipp, fazer um apelo pela recuperação dos documentos de posse do Conedh armazenados de forma imprópria.

No mês passado, o governador editou um decreto estabelecendo que os documentos tivessem a guarda transferida para o Arquivo Público Mineiro. Entre eles, se encontram os arquivos do extinto Departamento de Ordem Política e Social (Dops) e de outros órgãos de segurança do Estado, relativas às atividades da polícia política, além de pedidos de indenização. O Arquivo Público fará a digitaliza-ção dos arquivos do Dops e da Polícia Vargas, para disponibilizar na internet. Com isso, será facilitado o trabalho de consulta por parte do Conedh, de pesquisadores e da própria comissão.

No início deste mês, a comissão enviou ofício a 21 governadores pedindo a criação de comissões estaduais. Dos 27 estados, seis já possuem comissões e outros sete debatem o assunto. A parceria pode substituir a criação de uma comissão no Estado ou servir de base para seu estabelecimento.

UFMG

A audiência na UFMG será realizada no auditório da reitoria, na Pampulha. Pessoas ligadas à comunidade acadêmica que sofreram violações de direitos humanos durante o regime militar darão seus depoimentos.

Entre os relatos confirmados estão os de Mariluce Moura, viúva de Gildo Macedo Lacerda, militante da Ação Popular, morto sob tortura em 1973, em Recife. Também falará Magda Neves, expulsa do mestrado da UFMG em virtude de sua militância na AP, e o professor de medicina Apolo Heringer, à época dirigente do Colina (Comando de Libertação Nacional), que foi preso, torturado e exilado pelo regime.


 

© Copyright 2024Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por
Distribuido por