Ex-banqueiro é condenado a mais de 16 anos de prisão por crimes do mensalão

Felipe Seligman, Flávio Ferreira e Márcio Falcão - Folhapress
14/11/2012 às 18:35.
Atualizado em 21/11/2021 às 18:17

  BRASÍLIA - Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) aplicaram nesta quarta-feira (14) penas a José Roberto Salgado, ex-vice-presidente do Banco Rural, que, somadas, chegam a 16 anos e 8 meses de prisão pelos crimes cometidos no mensalão. Também foi fixada multa de R$ 1 milhão.    Pela legislação, Salgado terá que cumprir parte de sua condenação na cadeia, assim como a dona do banco Kátia Rabello. A lei estabelece que penas acima de oito anos devem ser cumpridas inicialmente em regime fechado. Salgado é defendido no julgamento pelo ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos.    Por formação de quadrilha, ele foi punido com 2 anos e 3 meses de reclusão. Pela participação na lavagem de dinheiro do esquema, pegou 5 anos e 10 meses de reclusão, mais multa de R$ 431,6 mil. Por gestão fraudulenta, foi condenado a 4 anos de reclusão, mais multa de R$ 312 mil, além de 4 anos e 7 meses e multa de R$ 260 mil por evasão de divisas.    A maioria dos ministro seguiu o voto do relator, Joaquim Barbosa, determinando que ele deve perder os bens adquiridos com o dinheiro proveniente do crime de lavagem de dinheiro, além do impedimento para o exercício de cargo público de qualquer natureza pelo dobro do tempo da pena de prisão para lavagem (mais de dez anos).    As punições de Salgado foram iguais a de Kátia Rabello. A diferença ficou na aplicação das multas, sendo que as dela totalizaram R$ 1,5 milhão.    O Banco Rural emprestou R$ 32 milhões para o PT e o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, e ajudou-os a distribuir o dinheiro do esquema a partidos políticos sem chamar a atenção das autoridades.    Segundo denúncia do Ministério Público, o núcleo financeiro é composto por Kátia, Salgado e Vinicius Samarane. Ayanna Tenório foi absolvida pelo Supremo de todas as acusações no processo.    Na discussão sobre lavagem, o revisor do processo, o ministro Ricardo Lewandowski, disse que modificou seu voto nas últimas horas após receber uma nova manifestação da defesa. O ministro disse que avaliou que "incorreria em erro" se não modificasse seus parâmetros. Ele argumentou que Salgado merecia pena menor do que de Kátia Rabello, dona do Rural, por ser um "técnico" e não ter contatos com políticos.    "A intensidade de seu dolo é distinta daquela da ré Kátia. Portanto, por via de consequência, é preciso aplicar-lhe uma pena mais mitigada e que tenha correspondência com sua responsabilidade nos fatos", apontou.    Para o revisor, ele "estava dando sequencias a operações já iniciadas e que não era de sua responsabilidade, pelo menos do ponto de vista original".

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