Ex-ministro chefiou 'mini-Pasadenas' sob investigação

Beatriz Bulla
10/09/2014 às 08:33.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:09
 (Werther Santana/ )

(Werther Santana/ )

O novo integrante da campanha presidencial da candidata do PT à reeleição, Dilma Rousseff, ex-ministro Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário), fazia parte da cúpula da Petrobras Biocombustível quando a empresa realizou operações que hoje estão sob auditoria no Tribunal de Contas da União.

Rossetto comandou a subsidiária da Petrobras de 2009 a 2014 - período em que foram adquiridas duas usinas de biodiesel - uma em Marialva (PR) e outra em Passo Fundo (RS). Pelas acusações de que o preço pago em Marialva estaria bem acima do valor, as duas compras ficaram conhecidas no TCU como "mini-Pasadenas" - referência à polêmica compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.

O ministro José Jorge, que foi relator do caso Pasadena, disse nesta terça-feira, 9, que o episódio pode ter desdobramento semelhante. "Se ficarem comprovadas as acusações feitas e apurado o valor maior de pagamento, pode ter desdobramentos como o processo de Pasadena, em extensão menor porque os valores são menores", disse Jorge.

Auditoria

No caso envolvendo a gestão de Rossetto, o TCU determinou, em maio, a abertura de auditoria para apurar possível sobrepreço nas operações e verificar se foi regular a aquisição de participação societária nos dois negócios.

Os investimentos nas duas plantas somam cerca de R$ 200 milhões. A auditoria deve terminar em outubro.

O caso chegou ao tribunal após pedido da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara, presidida pelo deputado Paulo Feijó (PR-RJ).

A relatoria no TCU ficou também a cargo de José Jorge, que, no caso Pasadena, apontou prejuízo de US$ 792 milhões com a operação e votou pelo bloqueio de bens de ex-dirigentes.

Reação

Em nota ao jornal O Estado de S. Paulo, Rossetto disse que já se colocou à disposição "para contribuir com todos os órgãos de controle". O texto, encaminhado pela campanha de Dilma Rousseff, afirma que "os administradores públicos têm seus atos fiscalizados pelos órgãos de controle. É bom que seja assim". Procurada, a Petrobras Biocombustível não se manifestou até a noite de terça. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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