O ex-oficial Gonzalo Sánchez, apontado pelas autoridades argentinas como torturador durante a ditadura naquele país, é engenheiro naval e trabalhava no estaleiro Cargo Marine Transporte Marítimo, de Paraty (RJ), na rua das Cobras, s/nº, quando foi preso, em fevereiro deste ano.
Sánchez aguarda julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) para saber se será ou não extraditado para responder processos pelos crimes praticados.
Nenhum dos três sócios do estaleiro se dispôs a falar a respeito do ex-oficial. Há coincidências entre os depoimentos prestados pelos sobreviventes a respeito das ações dos militares argentinos e a utilização da Escola de Mecânica da Armada (ESMA), como centro clandestino onde homens e mulheres, algumas grávidas e que deram à luz na prisão, eram submetidos a torturas.
A ditadura a que o ex-oficial serviu se autodenominava “Revolução Argentina”, semelhante ao que se dava no Brasil, nesse mesmo período, em relação ao golpe militar aplicado aqui, em 1964, quando os militares derrubaram o presidente João Goulart, com o apoio norte-americano.
Na Argentina, deposto o presidente Arturo Illia, em 28 de junho de 1966, o país foi mergulhado em trevas. “A Revolução Argentina tem objetivos, não prazos”, diziam os golpistas.
Sanguinolento
O período da ditadura militar na Argentina foi cruel e sanguinolento. Estima-se que 30 mil argentinos foram sequestrados e mortos pelos militares. Primeiro a liderar a junta que governou a Argentina durante a ditadura (1976-1983), Jorge Rafael Videla foi um dos mais odiados pelo povo.
Chegou ao poder em 1976 quando liderou a derrubada da então presidente Isabel Perón e permaneceu na liderança do governo até 1981.
Em julgamento contra as juntas militares, Videla foi condenado à prisão perpétua, em 1985. Três anos depois, o então presidente Carlos Menem concedeu-lhe indulto. Apesar disso, o militar retornou à prisão por crimes que ficaram de fora da anistia concedida por Menem: sequestros de bebês nascidos na prisão e a Operação Condor.
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