Extradição de torturador argentino vale US$ 300 milhões

Alberto Sena - Hoje em Dia
04/06/2013 às 06:45.
Atualizado em 20/11/2021 às 18:48

O Supremo Tribunal Federal (STF) deve julgar, nos próximos 60 dias, o pedido de extradição do ex-oficial da Marinha da Argentina Gonzalo Sánchez (o “Chispa”), de 61 anos, acusado de crimes contra a humanidade por suposta participação em pelo menos 70 casos de torturas e desaparecimentos de prisioneiros durante a ditadura militar argentina (1976-1983).

Ele está no presídio Ary Franco (RJ) desde 7 de fevereiro deste ano, quando foi preso em Paraty, no sul do Estado. Gonzalo vive no Rio de Janeiro desde 2002, a princípio na região dos Lagos, em Cabo Frio, e depois em Paraty.

Processo

O Hoje em Dia teve acesso ao processo movido contra o ex-oficial na Argentina. A reportagem localizou o advogado que faz a defesa dele, o mineiro Lúcio Adolfo, o mesmo que defendeu o goleiro Bruno, condenado pela morte de Eliza Samúdio.

O governo de Cristina Kirchner pede a extradição do ex-oficial pelos crimes que teria cometido durante a ditadura e para repatriar cerca de US$ 300 milhões (“dinheiro sujo”), que Gonzalo Sánchez saberia estar em bancos da Suíça.

Além dele, outros quatro argentinos são procurados no Brasil também por crimes contra a humanidade praticados durante a ditadura militar. São eles: Juan Carlos Linarez, Pedro Osvaldo Salvia, Juan Carlos Fotea e Roberto Oscar González, declarados “em revelia”.

Com o respaldo dos comandantes-chefes da Marinha argentina Emilio Massera e Armando Lambruschini, que “ordenaram um modo de combater o terrorismo”, Gonzalo Sánchez teria colecionado uma série de crimes e poderá ser extraditado para responder por eles.

"Modus operandis"

O modo dos militares argentinos, segundo os autos, consistia “em apreender suspeitos, mantê-los clandestinamente presos em condições inumanas de vida, submetê-los à disposição da justiça ou do poder executivo da nação, ou eliminá-los fisicamente”.

Mais de 30 mil pessoas, vítimas dos “gorilas” argentinos, foram mortas ou estão desaparecidas. O ditador Jorge Rafael Videla, morto recentemente – cumpria prisão perpétua –, dizia: “Os desaparecidos não estão nem mortos nem vivos, estão desaparecidos”.

Suspeita-se de que Sánchez tenha trabalhado na “Operação Condor”, ação conjunta de repressão das ditaduras em 6 países do Cone Sul – Brasil, Argentina, Chile, Bolívia, Paraguai e Uruguai – para neutralizar e reprimir os grupos que se opunham aos regimes militares.

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