O comando nacional do PT indica que não deve resistir à saída imediata do partido do governo do Rio de Janeiro, comandado por Sérgio Cabral Filho (PMDB). O presidente nacional petista, Rui Falcão, se reúne nesta sexta-feira, 11, na capital fluminense com a executiva regional da legenda para discutir a situação do partido no governo estadual, considerada insustentável por parte dos militantes. O motivo é a violenta repressão da Polícia Militar (PM) contra professores públicos em greve, principalmente nos últimos dias.
O PT local já marcara para 30 de novembro reunião do diretório regional para oficializar a saída do governo, em que ocupa duas secretarias (Direitos Humanos e Ambiente) e cerca de 150 cargos. O objetivo seria preparar a candidatura do senador Lindbergh Farias a governador. O cenário, contudo, mudou depois que PMs atacaram grevistas no centro do Rio, durante votação do plano de carreira da categoria. Agora, fala-se em antecipar a saída.
As cenas de espancamento de professores e o uso indiscriminado de bombas e spray de pimenta, além da tentativa de PMs de forjar um flagrante contra um ativista, geraram constrangimento entre os petistas e levaram à movimentação pela antecipação do rompimento. No partido, teme-se que a demora a sair tenha consequências para a legenda em 2014: seria difícil para o PT pedir votos aos docentes tendo se demorado em um governo acusado de agredi-los fisicamente.
Integrantes da direção nacional do PT sinalizam ter avaliação parecida. Apesar de oficialmente manter as aparências, dirigentes nacionais petistas já dizem pensar que a greve dos professores liquidou politicamente o governador. Incomodado com a impopularidade, que gerou sucessivos protestos, marcados por confrontos, em frente ao Palácio Guanabara (sede do governo) e ao prédio onde mora, no Leblon, na zona sul, Cabral pretendia sair do cargo em dezembro. Reavaliou a decisão após conversa com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Lula pediu a Cabral que espere no posto, pelo menos, até abril, quando terá de se desincompatibilizar se quiser disputar outro cargo. O governador pretendia sair no fim de 2013 para ser nomeado ministro, mas a presidente Dilma Rousseff indicou não aceitar esse arranjo. Candidata à reeleição, a presidente poderia ter problemas em sua campanha, no Rio, se incorporasse a seu governo um ex-governador impopular em sua própria base.
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