(Renato Fonseca)
Vestidos com roupas nas cores verde e amarelo e carregando panelas e apitos, manifestantes começam a tomar a Praça da Liberdade, na zona Sul da capital mineira, na manhã deste domingo (15). De acordo com a Polícia Militar (PM), cerca de 22 mil pessoas ocupam o espaço público. Muitos dos participantes são famílias com crianças e idosos que foram reivindicar mudanças no governo do país, inclusive pedindo o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT).
As limitações físicas não impediram que o cadeirante Albino Figueiredo, de 58 anos, comparecesse ao protesto. Morador do bairro Funcionários, na região Centro-Sul, ele chegou a praça às 9h, com amigos, pedindo a renúncia ou o impeachment da presidente. Segundo Albino, os principais motivos para a reivindicação são a alta da inflação, a desvalorização da moeda, a recessão, o desemprego e a crise no setor elétrico. “É um absurdo, temos que fazer alguma coisa”, afirmou.
Decepcionado com o momento financeiro do país, o engenheiro agrimensor José Abdala, de 32 anos, saiu cedo do bairro Camargos, região Noroeste de Belo Horizonte, para participar do movimento. “Estou desempregado desde setembro do ano passado. É necessário fazer alguma coisa para mudar o quadro de desemprego que assola o país”, enfatizou.
Já Denner Fernandes aproveitou a aglomeração de pessoas para manifestar e ganhar um dinheiro. Concentrado na esquina com a avenida Bias Fortes, ele vende apitos a R$ 3 e bandeiras a R$ 20. "Em menos de dez minutos já devo ter arrecadado uns R$ 200", contou.
Entre o batuque das panelas e o som dos apitos, os manifestantes também fazem a tradicional self para atualizar as redes sociais. Os participantes rezaram o Pai Nosso e, em seguida, cantaram o hino nacional.
O comerciante Lourenço Carrato, de 56 anos, aderiu ao panelaço. Ele saiu cedo de casa, no bairro Prado, Oeste da capital, com a namorada e os irmãos. "O Brasil é dos brasileiros. A presidente precisa ser digna e renunciar ao cargo", sugeriu.
Aposentado e estudante universitário, Israel Ambrósio, de 62 anos, reuniu familiares e colegas de faculdade para protestar. Morador da região da Pampulha, ele defende o impeachment. "Está mais que comprovada a corrupção. Precisamos mudar esse país".
Falta de estrutura
Aos poucos, as imediações da Praça da Liberdade começam a acumular lixo. Pessoas reclamam da falta de banheiros químicos e, principalmente, água. Pelo menos três ambulantes venderam todo o estoque que levaram para comercializar, e decidiram ir comprar mais. Um dos vendedores disse ter vendido 500 garrafinhas em apenas duas horas.
Trânsito
Por causa do número de participantes, o Batalhão de Trânsito fechou a alameda em frente ao Circuito Cultural Banco do Brasil (CCBB). O trânsito segue tranquilo, sem retenções, nas vias que dão acesso ao principal ponto de manifestação na cidade.
(Atualizada às 11h44)