(Frederico Haikal)
A eleição de Renan Calheiros (PMDB-AL) à presidência do Senado, ocorrida no dia 1º de fevereiro, levou cerca de 60 pessoas a protestarem, ontem, na Praça da Liberdade, região Centro-Sul de Belo Horizonte. Ao som de apitos, gritos de “fora ladrão” e de marchinhas, os manifestantes chamaram a atenção dos motoristas e pedestres que passaram pelo local.
Segundo a organizadora do “protesto apartidário”, a estudante de Veterinária Júlia Marques, o ato foi sugerido pelas redes sociais, propositalmente no sábado de Carnaval.
“Ainda sendo Carnaval, criei o evento para convidar o pessoal a levar a indignação para as ruas, porque é aí que a gente consegue resultado. Tem muito tempo que somos lesados e deixamos a coisa acontecer”. Júlia lamentou a ausência de quase mil pessoas que confirmaram presença no evento, mas ponderou que tudo foi pensado de “última hora”.
MOBILIZAÇÃO
Para o engenheiro e professor Aloísio de Araújo, a volta de Renan Calheiros à Presidência do Senado cinco anos após a renúncia – em meio a denúncias de que usou dinheiro de lobista para pagar pensão de uma filha fora do casamento –, é “lamentável”. “Uma pessoa que teve de renunciar para evitar a cassação volta, ainda com as mesmas acusações, sem resolver, e a grande maioria dos senadores elege uma pessoa dessa, mostrando que estamos sob a ‘ditadura de maus políticos’, que só pensam nos seus interesses. O cinismo está instalado”, comenta. O senador teve 58 votos dos colegas parlamentares.
A estudante Marcela Ribeiro, de 17 anos, aderiu ao protesto usando nariz de palhaço, dizendo-se “indignada”. “A gente vive em um sistema democrático, muitas vezes corrupto, mas a gente não se sente bem representado. E o jovem, hoje, não acredita na nossa força, na nossa voz. É assim, começando em pequenos movimentos que a gente vai conseguir, quem sabe, tirar o Renan, como foi com o Collor”, lembra.