(Reproduação/Internet)
BRASÍLIA - Diante do baixo número de assentamentos rurais registrado nos últimos dois anos e das críticas em relação à polícia de reforma agrária oficializada em carta do MST (Movimento dos Sem Terra) à presidente Dilma Rousseff, o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral) admitiu na manhã desta sexta-feira (8) que há "tensão" entre movimentos sociais e o governo.
O governo Dilma é o que menos desapropriou imóveis rurais para fazer reforma agrária nos últimos 20 anos.
No programa semanal "Bom Dia Ministro", Gilberto Carvalho não apenas reconheceu a tensão como afirmou que Dilma freou o processo para repensar a reforma agrária no Brasil.
"No Brasil, há muitos assentamentos que se transformaram quase que em favelas rurais. Foi com essa preocupação que a presidente Dilma fez uma espécie de freio do processo para repensar essa questão da reforma agrária e, a partir daí, tomarmos um cuidado muito especial sobre o tipo de assentamento que a gente promove", afirmou.
Carvalho classificou de "irresponsabilidade" distribuir terra sem dar oportunidade de o agricultor sobreviver. O ministro disse que, além de repensar políticas públicas ligadas à reforma agrária, o governo está revendo estruturas administrativas como a do Incra (Instituto Nacional da Reforma Agrária).
Ele lembrou que na segunda-feira, a presidente Dilma lançou no Paraná o programa Terra Forte, com recursos de diferentes órgãos federais para assentamentos da reforma agrária. A principal aposta do governo, como a Folha mostrou, é o uso de financiamentos do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Social) para investir em projetos nos assentamentos.
No BNDES estão em fase de análise, aprovação ou contratação cinco projetos --no valor total de R$ 96,5 milhões-- para áreas da reforma agrária.
Antes da visita de Dilma ao Paraná, o MST criticou a política de assentamento da presidente numa carta em que o grupo afirma que "muito pouco tem sido feito para democratizar" a propriedade da terra no Brasil e que, apesar de os programas do governo para assentados representarem "conquistas importantes", são "muito burocráticos e não têm recursos suficientes para cumprir seus fins".
Na primeira metade do mandato de Dilma, 86 unidades foram destinadas a assentamentos - se comparado às administrações anteriores a partir de José Sarney (1985-90), o número só supera o de Fernando Collor (1990-92), que desapropriou 28 imóveis em 30 meses.