Na noite desta segunda-feira (9), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu com governadores e outras autoridades no Palácio do Planalto para falar sobre os atos antidemocráticos ocorridos em Brasília (DF) nesse domingo (8).
“O que vimos ontem foi coisa que já estava prevista, isso tinha sido anunciado há algum tempo atrás porque pessoas que estavam nas ruas na frente de quarteis não tinham pauta de reivindicação”, afirmou o presidente na abertura da reunião.
Lula fez questão de dizer que os manifestantes pretendiam implantar um golpe de Estado. “E golpe não vai ter. Eles têm que aprender que democracia é a coisa mais complicada para a gente fazer, porque exige gente suportar os outros, exige conviver com quem a gente não gosta”, comentou aos governadores.
Participaram da reunião os governadores ou representantes dos 26 estados e do Distrito Federal, incluindo políticos ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos); e o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL).
Segundo o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), apenas não compareceram (enviaram representantes) os governadores de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), que passou por cirurgia; de Rondônia, Marcos Rocha (União Brasil), que está licenciado; e Gladson Cameli, do Acre, e Mauro Mendes, do Mato Grosso.
Também estiveram na reunião com Lula alguns ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), incluindo a presidente Rosa Weber; o procurador-geral da República, Augusto Aras; o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL); e o presidente em exercício do Senado, Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB).
Ao ser convidada a falar, a ministra Rosa Weber disse que a Corte foi “duramente atacada” e agradeceu à união que se gerou pelo Brasil que todos queremos, que é “um Brasil de paz, um Brasil fraterno”.
“Na verdade eu estou aqui em nome do STF agradecendo a iniciativa dos governadores e das governadoras de testemunharem a unidade nacional de um Brasil que todos nós queremos no sentido da defesa da nossa democracia e do Estado Democrático de Direito”, disse a presidente do STF.
A governadora em exercício do Distrito Federal, Celina Leão, disse que o governo da capital "coaduna com a democracia" e lembrou da prisão, até o momento, de mais de 1,5 mil pessoas por envolvimento nos atos de vandalismo. Celina Leão substitui o governador Ibaneis Rocha, afastado na madrugada desta segunda, por decisão do ministro do STF, Alexandre de Moraes. Ela aproveitou para dizer que o governador afastado "é um democrata", mas que, "por infelicidade, recebeu várias informações equivocadas durante a crise".
Desde domingo, o DF está sob intervenção federal na segurança pública. O decreto assinado pelo presidente Lula ainda precisa ser aprovado pelo Congresso Nacional, o que ocorrerá de forma simbólica, assegurou o presidente da Câmara dos Deputados, Athur Lira (PP-AL). "Nós votaremos simbolicamente, por unanimidade, para demonstrar que a Casa do povo está unida em defesa de medidas duras para esse pequeno grupo radical, que hostilizou as instituições e tentou deixar a democracia de cócoras ontem", disse.
Após a reunião, Lula convidou a todos para seguirem até a sede do Supremo para avaliarem os danos causados pelos manifestantes golpistas no domingo (8).
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