Governador Marcelo Déda e os exemplos deixados na política

Hoje em Dia
03/12/2013 às 07:28.
Atualizado em 20/11/2021 às 14:31

O governador de Sergipe, Marcelo Déda, do PT, morreu aos 53 anos, na madrugada de segunda-feira (2), no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Perdeu a luta de quatro anos contra o câncer. Seu corpo chegou à tarde ao Palácio Museu Olímpio Campos, em Aracaju. Depois de 24 horas de velório aberto ao público, será cremado na quarta em Salvador, na Bahia.

Faz sentido esse périplo por três estados do corpo de um político que, mesmo nascido e atuando a maior parte da vida no menor Estado brasileiro, teve importância nacional. Foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores, por cuja legenda se elegeu deputado estadual e, por duas vezes, deputado federal. Além de prefeito de Aracaju e governador, sendo reeleito nos dois cargos. Licenciou-se neste ano para cuidar da saúde. Desde o dia 27 de maio, estava hospitalizado em São Paulo.

No domingo, foi homenageado em Aracaju por mais de mil ciclistas que participavam, no Parque da Sementeira, do 5º Passeio Ciclístico por um Brasil Melhor, em alusão ao Dia Internacional Contra a Corrupção.

Déda chegou ao fim da vida sem a pecha de corrupto. Aos que ficam, deixa a importante tarefa de recuperar, aos olhos da população, a dimensão da política como instrumento transformador da sociedade. Que vem perdendo, como ontem o presidente do PSDB, Aécio Neves, em artigo num jornal paulista, atribuindo essa perda, sobretudo, às mentiras divulgadas pelo PT. Sem minimizar, contudo, a decomposição ética da atividade política, independentemente de partidos.

É um fato, esse descrédito da população. E, com ele, vão surgindo milhões de analfabetos políticos. O pior dos analfabetos, segundo o conhecido poema de Bertolt Brecht: “Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo.”

Há ainda esperança de mudança nesse triste cenário, como mostrou, na segunda-feira (2), o Hoje em Dia, sob o título “Estudantes de BH propõem a cidade de seus sonhos”. Há jovens interessados na política, e até uma Câmara Mirim em Belo Horizonte, com 41 “vereadores” eleitos entre os estudantes do ensino fundamental. Seu presidente, na 6ª Legislatura, Samuel Dornelas Ferreira, de 14 anos, afirma que os jovens querem fazer política de verdade.

Samuel é tão jovem quanto Marcelo, quando iniciou carreira política no movimento estudantil dos anos 1970. Nascido em 1960, na cidade de Simão Dias, a 110 quilômetros de Aracaju, Déda também queria mudar o sistema político, mas sem desconsiderar o avô paterno, que foi deputado estadual em Sergipe.

Não foram poucos os que lamentaram a morte do governador sergipano. Entre eles, Dilma Rousseff, para quem Déda fará falta, “mas seu exemplo nos guiará”. Que assim seja.  

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