A Controladoria Geral e a Advocacia Geral do Estado foram acionadas para conduzir a apuração das denúncias expostas numa carta produzida por funcionários da “Rádio Inconfidência”, que é de propriedade do governo de Minas. O comunicado, sem assinatura e divulgado em redes sociais na semana passada, expôs problemas como loteamento de cargos, compras sem licitação, aumento da folha com comissionados e casos de assédio moral na emissora.
De acordo com a carta, a empresa não respeita concursos públicos e o presidente da emissora, Tancredo Antônio Naves, teria utilizado a estatal de terceirização MGS para contratar mais de 15 pessoas para compor o quadro de funcionários, contrariando o que prevê o estatuto da Inconfidência.
Conforme os denunciantes, 40% do gasto mensal da emissora com a folha de pagamento mensal corresponde aos salários dos novos contratados, que agora representam um sexto do quadro da rádio.
Conforme a denúncia, o superintendente institucional, Assad de Almeida, utiliza de “métodos autoritários” e ameaça os funcionários de demissão. “Ele implantou um terror velado nos bastidores da empresa e o clima predominante hoje é de medo e incertezas”, diz um trecho.
Outro ponto abordado é a suposta compra, sem licitação, de passagens e pagamento de estadias em hotéis para integrantes do departamento de esportes da rádio que viajam para transmitir os jogos de Atlético e Cruzeiro em outros estados. Tudo teria sido autorizado pelo diretor administrativo-financeiro da empresa, Rogério Saldanha. “As passagens são compradas diretamente das empresas áreas ou através de uma agência de turismo da qual um dos donos é amigo do diretor”.
O Hoje em Dia procurou o diretor e o presidente da “Rádio Inconfidência”, mas foi informado de que eles se pronunciariam somente por meio de nota, a mesma enviada pela Secretaria Estadual de Cultura. O texto diz apenas que a rádio e a Secretaria estão tomando as providências necessárias para esclarecer as denúncias descritas na carta com a ajuda da Controladoria e da Advocacia Geral.
O Sindicato dos Jornalistas de Minas informou que funcionários reforçaram as denúncias, inclusive de assédio, diretamente ao sindicato. “Estamos preocupados com a situação. Nos reunimos com alguns trabalhadores e é nítido que existe uma crise na empresa. Inúmeros funcionários têm pedido licenças médicas. O clima não está bom”, informou o presidente da entidade, Kerison Lopes.
Segundo ele, o sindicato levou as denúncias recebidas ao presidente e à Secretaria de Cultura e aguarda do Estado uma “atitude firme”.
- “Dou crédito a cartas que são assinadas. Mas os equívocos devem ser apurados e corrigidos”, Flávio Henrique, músico e produtor - “O medo é que não deixem a rádio cumprir seu papel, que é ser a voz dos cantores de Minas” Ana Cristina Vieira, cantora e compositora - “Como produtora frequento a rádio e é nítido o nepotismo e o assédio crescentes”, Fabiana Pinheiro, gestora de projetos culturais