Proposta de Minas prevê transformação da estatal para abater parte da dívida com a União

(Divulgação / Cemig / Arquivo)
O Governo de Minas enviou, nesta quinta-feira (6), a solicitação formal de adesão ao Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag). O ofício à Secretaria do Tesouro Nacional, do Ministério da Fazenda, foi assinado pelo governador Romeu Zema e pelo vice-governador Mateus Simões.
Na lista de ativos do Estado disponibilizados para a federalização no Propag, Zema incluiu a possível transformação da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) em corporation.
Segundo o Estado, o projeto de transformação da estatal em corporation garante maior segurança jurídica e possibilita que Minas mantenha uma participação acionária no modelo golden share, conferindo o poder de veto em decisões estratégicas da empresa.
A proposta é que haja a transferência de ações da participação do Estado na Cemig para a União, avaliadas inicialmente em R$ 13,5 bilhões.
O governo solicitou adesão na modalidade que estabelece o abatimento no limite máximo de 20% do saldo devedor, possibilitando o pagamento da dívida com a União no prazo de 30 anos, em um cálculo formado pelo IPCA mais juros de 0% ao ano, conforme uma lei complementar que instituiu o Propag.
Conforme o Governo de Minas, para garantir a margem confortável que possibilite o abatimento máximo, foram listadas fontes de recursos estaduais da ordem de R$ 96 bilhões - o mínimo necessário para a modalidade é de R$ 36 bilhões (20% da dívida atual de R$ 181 bilhões).
Fontes de recursos ofertadas (R$ 96 bilhões):
Entre as propostas de participações societárias, estão também a federalização da Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge) e da Minas Gerais Participações (MGI).
As contrapartidas do Estado incluem o aporte anual de 1% do saldo devedor no Fundo de Equalização Federativa (FEF) e 1% destinado a investimentos em áreas essenciais.
“Fizemos um apanhado amplo das fontes de recursos, mas não significa que usaremos todas. Enviamos uma previsão bem superior aos R$ 36 bilhões necessários porque queremos dar opções”, disse o vice-governador Mateus Simões.
Segundo ele, os imóveis incluídos integram a menor parcela da fatia. "Mas permitem o abatimento instantâneo; os créditos que o estado tem a receber, até às compensações financeiras de acordos e decisões referendadas pelo STF, por exemplo, que são pagos ao longo dos anos. Além dos projetos para as empresas, incluindo Cemig, Codemge, MGI, que terão regimes diferentes nesse processo".
A privatização da Cemig chegou a ser debatida na na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Mas a medida encontrou resistência. A empresa foi retirada da PEC do Referendo, que acabava com a exigência de uma consulta popular para a venda de estatais mineiras - como ocorreu com a Copasa.
No caso dos imóveis, o Projeto de Lei (PL) 3.733/25, em tramitação na ALMG, autoriza o Governo de Minas a transferir imóveis de propriedade do Estado para a União, visando o abatimento da dívida de forma imediata.
A relação completa a serem avaliados ainda será definida, a partir do interesse do Governo Federal, e mediante autorização legislativa.