Ideli deve ser derrotada nas eleições do PT em SC

Erich Decat
09/11/2013 às 08:00.
Atualizado em 20/11/2021 às 14:02

Ideli Salvatti, a ministra responsável pela articulação política da presidente Dilma Rousseff com o Congresso Nacional e com os partido da base aliada, deve sofrer neste domingo, 10, em seu Estado, Santa Catarina, e em seu partido, o PT, uma derrota. Verá seu rival em Santa Catarina, Cláudio Vignatti, derrotar seu candidato, Paulo Eccel, prefeito de Brusque, na eleição pela presidência do diretório regional da legenda. O resultado pode influenciar na montagem do palanque estadual para 2014 e atrapalhar os planos de Ideli. Ela, assim como Eccel, defende o apoio à reeleição do governador Raimundo Colombo (PSD). Na chapa, pretende se lançar ao Senado. Vignatti é defensor da candidatura própria petista.

As trombadas entre Ideli e o ex-deputado Claudio Vignatti em Santa Catarina se iniciaram nas eleições de 2010 quando ela foi candidata ao governo do Estado e ele ao Senado. Na ocasião, os dois saíram derrotados. Um dos motivos da cizânia entre eles foi o surgimento durante a campanha de adesivos com a imagem de Vignatti ao lado de Raimundo Colombo (PSD) vencedor da disputa pelo governo de SC. Depois das eleições de 2010, Vignatti foi conduzido ao cargo de secretário-executivo do ministério de Relações Institucionais, pasta que passou a ser comandada por Ideli em junho de 2011. Um mês após a posse dela, o ex-deputado foi exonerado do cargo.

Diante de uma provável derrota do grupo da ministra, aliados não descartam a possibilidade de ela permanecer no governo federal. "A ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil) vai ser candidata ao governo do Paraná e há uma preocupação de como fica a retaguarda da equipe de Dilma. Há uma preocupação com o time que ficaria", disse o presidente estadual do PT em SC, José Fritsch, aliado de Ideli. Para ele, o cenário da disputa ainda está indefinido.

As sequelas do racha em Santa Catarina são monitoradas de perto pela cúpula do PT nacional. "Desse processo pode surgir uma alternativa que não é a convencional", afirmou o deputado Décio Lima (PT-SC). A "alternativa" pode até ser uma intervenção da nacional que apoiaria o nome "neutro" para o governo do Estado numa tentativa de apaziguar o ambiente deflagrado. Segundo Lima, o ex-presidente Lula e o presidente nacional do PT, Rui Falcão, já informou que pretendem se reunir com integrantes do partido do Estado logo após o PED para tentar encontrar uma solução que não cause problemas para a candidatura à reeleição de Dilma. "Querem conversar depois do PED porque a engenharia política no Estado ainda preocupa", disse.

O curioso é que a situação de Gleisi, outra com assento no Palácio do Planalto, é oposta à de Ideli. No seu caso, a tendência é de que seu grupo político saia fortalecido do pleito com a reeleição do atual presidente estadual, Enio Verri, candidato da chapa "O Partido que Muda o Brasil". Uma vitória de Verri, que também conta com apoio de integrantes da cúpula nacional da legenda, como o vice-presidente da Câmara, André Vargas, deixa "a casa arrumada" para uma candidatura da ministra ao governo do Estado.

"São situações distintas. A Ideli passa por uma disputa interna enquanto que Gleisi deverá ser ungida. Houve trombadas lá trás e se ocorrer uma vitória do Vignatti deverá ser aberto, no mínimo, um processo de negociação", considerou o deputado André Vargas (PT-PR).
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