O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) é dono de um latifúndio improdutivo constituído de 50 lotes nos dois bairros mais nobres de Brasília, os Lagos Norte e Sul. Cada lote tem de 800 a 1.400 metros quadrados. Localizados em áreas residenciais, em nenhuma delas há construções. Para impedir que se transformem em depósito de lixo, sejam tomados pelo capinzal ou acabem invadidos, o órgão fincou uma plaquinha na frente de cada um dos terrenos: "Propriedade do Incra".
A autarquia não pode vender nem trocar nenhum dos terrenos. Por força de mudanças na legislação, feitas durante o governo do ex-presidente Fernando Collor, eles passaram para a lista dos bens comuns da União, administrados pela Secretaria do Patrimônio, ligada ao Ministério do Planejamento. Mas a propriedade ainda é do Incra e cabe à autarquia zelar para que os lotes estejam sempre limpos.
Esse latifúndio urbano da autarquia responsável justamente por identificar terras improdutivas, desapropriá-las e nelas fazer a reforma agrária, vale pelo menos R$ 55 milhões, conforme avaliação de corretores de imóveis que atuam no mercado de Brasília. A direção do Incra informou, por intermédio de sua assessoria, que "está de mãos amarradas", porque a legislação não permite que se faça nenhum tipo de negócio com os terrenos.
O presidente do Incra, Carlos Guedes, torce para que o Congresso aprove uma lei que devolva ao instituto o direito de comercializar os imóveis. Se isso ocorrer, ele tentará fazer um escambo com algum dono de terreno comercial no centro de Brasília. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo
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