(Wilson Dias/Agência Brasil)
Ao final a cerimônia de lançamento do plano safra, no Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff deu uma declaração à imprensa, reforçando a nota divulgada às 23h30 de terça-feira, 3, questionando a decisão do Procurador da República, Rodrigo Janot, que pediu abertura de inquérito ao Supremo Tribunal Federal, contra ela, sob acusação de tentativa de obstruir as investigações da Operação Lava Jato, com base na delação premiada do senador Delcídio Amaral (sem partido-MS).
Depois de reiterar que as afirmações de Delcídio são "levianas e mentirosas", a presidente Dilma disse que "é necessário investigar da onde surgem essas afirmações e comprovar". Declarou ainda que os vazamento "têm interesses escusos e inconfessáveis". E desabafou: "Esses vazamentos têm uma característica. Você vaza, depois se caracterizar que nada há, o dano já foi feito. E dai o que querem com isso? Querem o dano feito".
A denúncia foi feita na antevéspera da votação de abertura da admissibilidade do impeachment na Comissão Especial no Senado e há uma semana da decisão pelo Plenário da Casa. Em sua fala, de quatro minutos, sem direito a perguntas, a presidente Dilma anunciou que vai pedir ao ministro da AGU que solicite ao STF abertura de processo para apurar esses vazamentos. Lembrou ainda que "estranhamente" houve o "vazamento de algo que, tudo indica estava sob sigilo, às vésperas do julgamento (do processo de impeachment na comissão especial) no Senado".
Com uma ficha na mão, onde leu os trechos da nota distribuída na noite de terça-feira, a presidente afirmou lamentar que, "mais uma vez, algo muito grave tenha acontecido". Em seguida, diz "o algo muito grave foi o vazamento, o vazamento de algo que pela imprensa eu tomei conhecimento, um vazamento de algo que tudo indica estava sob sigilo, que estranhamente vaza às vésperas do julgamento (do processo de impeachment na comissão especial) no Senado".
Ao reforçar que Delcídio mente, a presidente citou que ele fez o mesmo, envolvendo o nome de ministros do STF. "Tenho certeza que a abertura do inquérito vai demonstrar apenas que o senador, mais uma vez, faltou com a verdade, como aliás ele já fez anteriormente se vocês estão lembrados, que ele acusava na primeira gravação, ministros do Supremo, depois retirou a acusação daquela gravação. Agora, acusa a mim. Tenho consciência das mentiras do senador Delcidio do Amaral", comentou.
Janot pediu a abertura de inquérito não só contra Dilma por tentativa de obstrução da Justiça, mas também do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro-chefe da Advocacia Geral da União, José Eduardo Cardozo. Citou ainda o fato de a presidente ter nomeado Lula para ministro da Casa Civil, o que daria foro privilegiado a ele. Ao tomar conhecimento, Dilma se reuniu com Cardozo e preparou a nota. A presidente estava "indignada" com as denúncias e o vazamento.
Em sua fala desta quarta-feira, a presidente acentuou ainda que "podem ter certeza que também eu quero dizer que sempre fui a favor de investigações". E emendou: "e quero que essa seja investigada a fundo, inclusive quero saber quem é o autor ou autores do vazamento".
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