Jazigo de Arraes será modificado para receber Campos

Ricardo Brandt, enviado especial
15/08/2014 às 13:03.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:48
 (Ademar Filho)

(Ademar Filho)

"Vão mexer em tudo. Mas depois se arruma", a pernambucana Ivanise Barros, de 52 anos, não entendeu nada quando chegou pela manhã desta sexta-feira (15) para cuidar do túmulo do ex-governador Miguel Arraes.

Há sete anos é ela quem cuida do jazigo que começou a ser alterado para poder receber o corpo do neto, o candidato a presidente do PSB, Eduardo Campos, morto tragicamente na quarta-feira em Santos (SP).

"Eu começo sempre pelo túmulo do doutor Arraes", conta Ivanise, que há 43 anos trabalha como cuidadora de túmulos no Cemitério Santo Amaro, em Recife. Ela limpa as lápides, apara a grama, rega, joga fora as flores envelhecidas.

O túmulo onde está enterrado Arraes desde 2005 seria mantido como está, e a exumação de um dos filhos do ex-governador, tio de Campos, que também está no local, abriria espaço na segunda gaveta da sepultura para o corpo.

Uma das filhas de Arraes, no entanto, autorizou nesta quinta-feira, 14, a alteração do jazigo.

Funcionários da prefeitura de Recife começaram na manhã desta sexta-feira a montar uma nova gaveta funerária, que vai elevar o jazigo em 80 centímetros em relação na altura atual, e a erguer um mausoléu simples de pedra branca.

A obra reconfigurará a sepultura do avô, que é simples, com grama quase nivelada com o terreno e um arbusto de flores vermelhas em volta. "Esse é o túmulo de Miguel Arras rapaz. Ele era um cara simples, do povo", advertiu-me o chefe da divisão de necrópoles da prefeitura, Petrus Tejo, assim que chegamos questionando sobre a ausência de um mausoléu de mármore imponente como o das sepulturas vizinhas.

No túmulo onde estão os restos mortais do ex-governador Arraes está também seu filho Carlos Augusto Arraes de Alencar. Por conta do avô de Campos, o local é ponto de visitação no cemitério central de Recife. "Hoje nos limpamos as velas, mas esse canto aqui fica lotado", contou Tejo.

Exumação

Antes do comunicado feito por uma das filhas, a ordem era abrir a sepultura, exumar os restos mortais de Carlos Augusto, coloca-los em uma urna e depois dentro da gaveta de Arraes. O túmulo tem dois compartimentos, um sobre o outro. Campos será colocado no de cima e Carlos ficará no meio.

"Dona Madalena Arraes pediu para não exumar o marido. Era um pedido dele que ficasse sempre aqui", contou o diretor de necrópoles, pela manhã.

Faxina

O cemitério Santo Amaro passou por uma verdadeira faxina, iniciada pela prefeitura na quarta-feira. Guias foram pintadas, uma iluminação foi improvisada, o piso do caminho da sepultura foi refeita, grama cortada, árvores podadas e tudo varrido por um exército de 200 pedreiros, jardineiros, eletricistas.

Não é a primeira vez que o cemitério passa por tal transformação por causa dos seus mortos ilustres. Em 2005, quando Arraes morreu, o cemitério, que comporta 50 mil pessoas, transbordou de gente. "Vai ter um toldo aqui em cima para o cerimonial. O caminhão dos Bombeiros vai trazer o caixão até a entrada, e dentro do cemitério o corpo vem num carro funerário", disse Tejo.

Desde a quarta-feira, o movimento de visitantes no cemitério subiu 50%. Depois da área das autoridades, a presença de populares será liberada.
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