Um dia após o jornalista Mauri König, do jornal curitibano Gazeta do Povo, sofrer ameaças contra ele e sua família, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público Estadual do Paraná instaurou nesta terça-feira (18) um procedimento para tentar identificar os autores. Em maio, o profissional foi autor de uma série de reportagens sobre irregularidades praticadas por delegados do Paraná.
Após cinco ligações para a redação com ameaças contra o jornalista, König foi para local mantido sob sigilo e protegido por seguranças da empresa. Segundo o coordenador do Gaeco, Leonir Batisti, o primeiro passo é identificar os autores dos telefonemas. "Já nos repassaram os números e estamos investigando. Além disso, queremos checar a credibilidade dessas ligações e ver qual o grau de seriedade delas."
König também é diretor da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). Em nota distribuída nesta terça, a entidade relatou detalhes das ameaças feitas, como a de que a casa onde o repórter vive com sua família seria metralhada.
Um dos jornalistas que atendeu uma das ligações, segundo a Abraji, disse que a pessoa "se identificou como policial militar e disse ter ouvido de colegas que cinco policiais militares do Rio de Janeiro estavam em Curitiba para metralhar a casa de Mauri".
A série "Polícia Fora da Lei" flagrou, durante cinco meses, delegados e policiais civis utilizando viaturas para serviços particulares e até visitas a casas de prostituição. Anteontem, a Gazeta do Povo publicou reportagem sobre uma possível promoção de alguns dos delegados citados na série de maio - o Conselho da Polícia Civil divulgou ontem nota contestando a informação. A direção da Gazeta do Povo informou que "está dando apoio ao jornalista no sentido de garantir sua segurança e acompanhando as investigações policiais".
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