José Dirceu fez na Petrobras o mesmo esquema do mensalão

Estadão Conteúdo
03/08/2015 às 11:18.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:12
 (Dida Sampaio)

(Dida Sampaio)

O procurador regional da República Carlos Fernando dos Santos Lima, que integra a força-tarefa da Operação Lava Jato, afirmou  que o ex-ministro José Dirceu foi o instituidor do esquema de corrupção instalado na Petrobras. Condenado no mensalão, José Dirceu foi preso nesta segunda-feira (3) na Lava Jato.

"Toda empresa tem uma estrutura piramidal, os cabeças que tomam as decisões. Não são operadores, essas pessoas dizem 'faça' e os outros fazem. Eles não tomam nota, não fazem reuniões com operadores financeiros. Simplesmente têm uma função de colocar as pessoas nos lugares certos e de determinar. José Dirceu, evidentemente, colocou Duque (Renato Duque) na função de diretor da Diretoria de Serviços da Petrobras. Colocou Paulo Roberto Costa (Diretoria de Abastecimento) atendendo a pedido de José Janene (ex-deputado, réu do Mensalão, morto em 2010). A partir desse momento, José Dirceu repetiu o esquema do mensalão. Um ministro do Supremo já disse que o DNA é o mesmo, o caso do mensalão como na Petrobras, na Lava Jato. Não há muita diferença. A responsabilidade de José Dirceu é evidente lá (no mensalão), mas também aqui (na Lava Jato), como beneficiário. Ao mesmo tempo em que naquele governo (Lula) José Dirceu determinou a realização (do mensalão) também determinou esse esquema (Petrobras). Agora, não mais como partidário, mas para enriquecimento pessoal", afirmou o procurador.

Segundo Carlos Fernando dos Santos Lima, a investigação que deflagrou a operação Pixuleco, 17º capítulo da Lava Jato, revela que o ex-ministro teve papel crucial na instalação do modelo que abriu caminho para o cartel de empreiteiras que se apossaram de contratos bilionários na estatal mediante pagamento de propinas para políticos e ex-diretores da Petrobras.

O procurador destaca que Dirceu foi beneficiário de valores ilícitos por meio de sua empresa, a JD Assessoria e Consultoria. Ele citou também o empresário Fernando Moura, que teria indicado a Dirceu o nome do engenheiro Renato Duque para ocupar a unidade mais estratégica da Petrobras, a Diretoria de Serviços. Duque está preso e negocia delação premiada.

"A JD e Moura são os agentes responsáveis pela instituição do esquema na Petrobras, ainda no tempo em que José Dirceu era ministro da Casa Civil. Temos indicativos que (o esquema) vem desde aquela época, passou pela investigação do mensalão, pelo processo do mensalão, pela condenação de José Dirceu, pelo período em que ele ficou na prisão, sempre com pagamentos para a JD. Um dos motivos pelos quais estão sendo presos ambos (Dirceu e Fernando Moura) hoje é porque esse esquema perdurou, apesar da movimentação da máquina do Supremo e de todo o Judiciário", afirmou.

O procurador disse ainda que a Pixuleco "vai além de José Dirceu como recebedor e beneficiário, trata-se de uma investigação que busca José Dirceu como o instituidor do esquema Petrobras ainda no tempo da Casa Civil".
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