Lula afirma que mensalão teve 80% de decisão política e 20% de decisão jurídica

Folhapress
27/04/2014 às 19:22.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:19
 (Ricardo Stuckert)

(Ricardo Stuckert)

Em entrevista à emissora portuguesa RTP veiculada hoje, o ex-presidente Lula reafirmou que não vai concorrer a cargo eletivo em 2014.

"Em política, a gente nunca pode dizer não. Mas eu acho que eu já cumpri com a minha tarefa no Brasil. Eu sonhava em ser presidente porque eu queria provar que eu tinha mais competência pra governar que a elite brasileira, e provei. A Dilma é uma mulher de extrema competência. Ela vai ganhar as eleições", disse. "Mas o Lula não é candidato, eu não vou ser candidato, querida, eu não vou ser."

Questionado sobre seu futuro, o ex-presidente respondeu que continuará fazendo política mesmo sem um cargo.

"Eu vou pra rua fazer campanha pra Dilma. Eu não quero cargo político. Quando meu partido queria que eu fosse candidato [para a Câmara dos Deputados] para ter 1,5 milhão de votos, eu disse: "eu não vou ser candidato, eu vou provar pro PT que eu não preciso de cargo pra ser importante'", disse Lula. "Eu quero ser importante pela minha capacidade de trabalho. Eu não preciso de cargo. Eu vou fazer política".

Além de trabalhar como cabo eleitoral da atual presidente, Lula disse que também quer atuar no exterior. "Eu tenho compromisso com a minha consciência de levar para a África e a América Latina as experiências bem sucedidas do meu governo."

Em relação à política econômica de sua sucessora, Lula rebateu as críticas: "Eu acho engraçado algumas revistas estrangeiras publicarem que o Brasil não está bem. Você pode comparar o brasil com o G20. Qual país conseguiu manter a inflação na meta durante dez anos consecutivos, aumentando a renda dos trabalhadores e com pleno emprego? Em se tratando de responsabilidade fiscal e de macroeconomia não tem nenhum país melhor que o Brasil. [O milagre econômico] vai se manter e o Brasil vai continuar crescendo".

Copa e manifestações

Na entrevista, Lula também foi questionado sobre a insatisfação popular com a realização da Copa do Mundo no Brasil, demonstrada nas manifestações que tomaram o país em 2013.

"Deixa o povo protestar. É um povo indo pra rua protestar e outro indo pro estádio ver o jogo", respondeu o ex-presidente.

Para o petista, os protestos são reflexo do crescimento pelo qual o país passou. "O povo quer mais. Você não tenha dúvida que é assim a humanidade. Se você consegue comer hoje um contrafilé, na outra semana você quer um filé. Você vai querer comer uma coisa melhor", metaforizou.

"Eu acho extraordinário que o povo queira mais. Escola padrão Fifa, saúde padrão Fifa, transporte padrão Fifa. O pessoal querer mais eu acho ótimo. Quanto mais reivindicam, mais eu tenho o que fazer."

Mensalão 

O ex-presidente negou a existência do esquema do mensalão e disse que este se tratou de uma história "que precisa ser recontada".

"O tempo vai se encarregar de provar que o mensalão teve 80% de decisão política e 20% de decisão jurídica. O que eu acho é que não houve mensalão. (...) Acho que ele foi um massacre pra destruir o PT e não conseguiram", disse.

"O que é importante é que quando uma pessoa é honesta e decente, elas enxergam é nos olhos. Não adianta dizer que o Lula praticou ato ilícito, que o povo não acredita." 

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