Poucos meses após o fim do julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), e com lideranças do seu partido e de legendas aliadas aguardando recursos para escapar da prisão, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta terça-feira a realização de uma Assembleia Nacional Constituinte exclusiva para a discussão de uma reforma política. "Se o Congresso não aprovar a reforma, teríamos de ter uma Constituinte só para isso", disse o petista, durante o seminário "Novos Desafios da Sociedade", realizado em São Paulo.
Há uma previsão de que o Congresso avalie na próxima semana o projeto de reforma política relatado pelo deputado federal Henrique Fontana (PT-RS). Cético, Lula afirmou que não acredita na votação "porque as pessoas que estão lá querem continuar com o status quo".
O ex-presidente cobrou que uma eventual reforma política torne crime inafiançável o financiamento privado de campanha. "Não pode ter mais partido de aluguel, legenda só para ganhar espaço na TV", disse. "É preciso ter partidos mais fortes e representativos e políticos que não têm medo de conversar com o povo", afirmou, reafirmando a defesa do financiamento público de campanha.
De forma indireta, Lula criticou as campanhas que levaram à Presidência da República Fernando Collor de Mello, hoje senador aliado ao governo petista da presidente Dilma Rousseff, e Jânio Quadros (1917-1992), eleitos com enfáticos discursos de combate aos corruptos. "Tome cuidado quando alguém defende o combate à corrupção como bandeira porque pode ser pior", aconselhou.
Já em relação à campanha que deu o primeiro mandato presidencial a Fernando Henrique Cardoso, Lula fez um raro elogio ao tucano, ao destacar que a bandeira de combate à corrupção não foi o fator preponderante na disputa eleitoral. "A primeira eleição do Fernando Henrique Cardoso foi um avanço para a democracia no País", afirmou.
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