(Rodrigo Félix Leal)
Ao menos 32 cidades no Brasil devem receber, nesta quinta (20), manifestações convocadas por movimentos sociais que se opõem ao impeachment de Dilma Rousseff. Entre elas há 23 capitais e o Distrito Federal.
Apesar de defenderem a permanência da presidente, os organizadores alegam que a mobilização criticará medidas tomadas pelo governo federal. Os principais alvos serão o ajuste fiscal promovido pelo ministro Joaquim Levy e a Agenda Brasil, pacote de medidas propostas pelo PMDB do Senado.
O manifesto do ato, divulgado na semana passada por organizações como CUT (Central Única dos Trabalhadores), UNE (União Nacional dos Estudantes) e MTST, ainda defende a saída de Eduardo Cunha da presidência da Câmara e cita pautas tradicionais da esquerda, como as reformas tributária e agrária.
Segundo a presidente da UNE Carina Vitral, o principal objetivo da manifestação será criar "um contraponto à pauta conservadora" dos protestos do último domingo, que reuniram cerca de 600 mil pessoas em todas as capitais brasileiras e no Distrito Federal, segundo a PM.
Nesta segunda, Guilherme Boulos, presidente do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), disse as manifestações não serão de celebração à presidente Dilma.
"Não podemos ter uma visão simplista que dia 16 foi fora Dilma e de que dia 20 é viva Dilma porque não é", disse Boulos. Apesar disso, o PT também convocou sua militância para ir às ruas nesta quinta e "defender a democracia".
Em São Paulo, a organização espera que cerca de 50 mil pessoas compareçam ao Largo da Batata, de onde marcharão até o Masp. Não há estimativas para outras cidades.
Leia a íntegra do manifesto:
"MANIFESTO" - Contra o ajuste fiscal! Que os ricos paguem pela crise! A política econômica do governo joga a conta nas costas do povo. Ao invés de atacar direitos trabalhistas, cortar investimentos sociais e aumentar os juros, defendemos que o governo ajuste as contas em cima dos mais ricos, com taxação das grandes fortunas, dividendos e remessas de lucro, além de uma auditoria da dívida pública. Somos contra o aumento das tarifas de energia, água e outros serviços básicos, que inflacionam o custo de vida dos trabalhadores. Os direitos trabalhistas precisam ser assegurados: defendemos a redução da jornada de trabalho sem redução de salários e a valorização dos aposentados com uma previdência pública, universal e sem progressividade. - Fora Cunha: Não às pautas conservadoras e ao ataque a direitos! Eduardo Cunha representa o retrocesso e um ataque à democracia. Transformou a Câmara dos deputados numa Casa da Intolerância e da retirada de direitos. Somos contra a pauta conservadora e antipopular imposta pelo Congresso: Terceirização, Redução da maioridade penal, Contrarreforma Política (com medidas como financiamento empresarial de campanha, restrição de participação em debates, etc.) e a Entrega do pré-sal às empresas estrangeiras. Defendemos uma Petrobrás 100% estatal. Além disso, estaremos nas ruas em defesa das liberdades: contra o racismo, a intolerância religiosa, o machismo, a LGBTfobia e a criminalização das lutas sociais. - A saída é pela Esquerda, com o povo na rua, por Reformas Populares! É preciso enfrentar a estrutura de desigualdades da sociedade brasileira com uma plataforma popular. Diante dos ataques, a saída será pela mobilização nas ruas, defendendo o aprofundamento da democracia e as Reformas necessárias para o Brasil: Reforma Tributária, Urbana, Agrária, Educacional, Democratização das comunicações e Reforma democrática do sistema político para acabar com a corrupção e ampliar a participação popular. A rua é do povo! 20 de Agosto em todo o Brasil! ASSINAM: Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) / Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) / Central Única dos Trabalhadores (CUT) / Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) / Intersindical - Central da Classe Trabalhadora/ Federação Única dos Petroleiros (FUP) / União Nacional dos Estudantes (UNE) / União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) / Rua - Juventude Anticapitalista / Fora do Eixo / Mídia Ninja / União da Juventude Socialista (UJS) / Juntos / Juventude Socialismo e Liberdade (JSOL) / Associação Nacional de Pós Graduandos (ANPG) / Federação Nacional dos Estudantes do Ensino Técnico (Fenet) / União da Juventude Rebelião (UJR) / Uneafro / Unegro / Círculo Palmarino / União Brasileira das Mulheres (UBM) / Coletivo de Mulheres Rosas de Março / Coletivo Ação Crítica / Coletivo Cordel / Serviço Franciscano de Solidariedade (Sefras) / Igreja Povo de Deus em Movimento (IPDM)".