(EPITÁCIO PESSOA/ESTADÃO CONTEÚDO)
SÃO PAULO - O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Melo voltou nesta sexta-feira a criticar o colega Joaquim Barbosa, relator do mensalão, e disse que os ministros não são "vaquinhas de presépio para só dizer amém".
No próximo dia 18, o presidente do Supremo, ministro Carlos Ayres Britto, completa 70 anos e terá que se aposentar compulsoriamente. Com isso, Barbosa vai assumir a presidência e acumular a relatoria do processo do mensalão no final do julgamento.
"Deus queria que ele entenda que o presidente coordena, e não enfia goela abaixo o quer que seja. Nós somos iguais, nos completamos mutualmente. A divergência é própria do regime democrático. Não estamos ali para o relator colocar a matéria e sermos vaquinhas de presépio para dizer amém", afirmou Marco Aurélio, em evento na Advocacia-Geral da União (AGU) que acontece em São Paulo.
O ministro ainda ironizou a situação pela qual o Supremo vai passar. "De tédio não morremos."
Marco Aurélio criticou o tempo levado para julgar o caso dizendo que o STF virou um "tribunal de processo único" e disse que se a ação tivesse sido desmembrada o julgamento já teria terminado. "Sou um homem otimista por educação e também por atividade. Mas, creio que o veredito final só virá em 2013."
Sobre a decisão de Barbosa de recolher os passaportes dos réus condenados, Marco Aurélio lembrou que as defesas poderão recorrer dela.
"É uma matéria em aberto. Foi uma decisão do relator e não do colegiado. Vou me reservar a um pronunciamento sobre a medida tida acauteladora se provocado por um dos acusados mediante um recurso cabível contra a decisão que é o agravo regimental", afirmou o ministro.
Questionado se tomaria a mesma medida se fosse relator, o ministro disse apenas: "cada cabeça é uma sentença".