Marina Silva reafirma apoio a Apolo e PSB segue dividido

Aline Louise - Hoje em Dia
10/06/2014 às 08:17.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:56
 (Samuel Costa/Hoje em Dia)

(Samuel Costa/Hoje em Dia)

O nome de Apolo Heringer como candidato do PSB ao governo de Minas ganhou força na última segunda-feira (9) com a presença de Marina Silva em Belo Horizonte. A pré-candidata a vice-presidente na chapa do ex-governador Eduardo Campos (PSB), que veio a Minas para eventos relacionados à Semana do Meio Ambiente, defendeu enfaticamente a candidatura própria do partido, no qual a Rede Sustentabilidade – barrada pelo Tribunal Superior Eleitoral – está abrigada.    “Aqui em Minas Gerais, o PSB tem a candidatura do (deputado federal) Júlio Delgado e a do Apolo, que a Rede Sustentabilidade indicou como sendo a nossa contribuição, para esse debate, para que a gente possa, de fato, ter aqui uma base de sustentação para a aliança nacional e o projeto para o Estado de Minas Gerais”, afirmou.   Mesmo reforçando o apoio a Heringer, Marina não se omitiu em relação a Júlio Delgado, que está sendo colocado como possível candidato do PSB. “A Rede apresentou o nome do Apolo. Mas é igualmente legítimo que o PSB tenha o nome do deputado Júlio Delgado, que aliás é um bom deputado”.    Marina descartou a possibilidade de o PSB recuar e apoiar o PSDB, como há pouco tempo era defendido por Delgado. “O Júlio tem conversado comigo e o Eduardo advogando a tese da candidatura própria”, disse.    Desconfiança   A pré-candidatura do presidente do PSB é vista com desconfiança por setores da Rede Sustentabilidade, por ter apoiado o PSDB e se vislumbrar a possibilidade de ele vir a representar uma candidatura de fachada, para tirar votos do PT e favorecer o candidato tucano.    “Parece que a candidatura própria já está vitoriosa na sociedade, mas ela não foi ainda registrada na executiva do PSB. O Júlio Delgado ainda não registrou o nome dele. Então, há uma boataria enorme em Minas Gerais e não é uma boataria vã, de que está havendo muita dificuldade para o PSB se descolar do controle do PSDB, que são secretarias, empregos, financiamento de campanha. Então, essa dificuldade, essa dor do parto, está sendo muito grande. E não sei se valeria à pena recorrer à cesariana”, disse Apolo.    Para ele, o deputado Júlio Delgado não desejaria, de fato, ser candidato a governador. “No fundo do coração, acho que o Júlio Delgado gostaria mesmo é de se reeleger candidato a deputado federal. Ele foi colocado nessa circunstância porque há pressões do PSDB para não deixar o meu nome emplacar”, disse.    Para analistas, Rede não representa 3ª via   Marina Silva reforçou na última segunda-feira (9) que o projeto do PSB, na coligação com a Rede Sustentabilidade, pretende ser uma terceira via para o país, diferenciando-se dos partidos que historicamente polarizam as disputas, PT e PSDB. Segundo ela, esse projeto refuta a “oposição pela oposição” e a “situação pela situação”.    Contudo, na opinião de especialistas ouvidos pelo Hoje em Dia, a Rede Sustentabilidade perdeu a capacidade de ser uma alternativa real, de convencer o eleitorado insatisfeito com a política atual, no momento em que se coligou ao PSB.    “Coligar com o PSB já descaracterizou a terceira via, porque assemelha-se a todos os tipos de coligações interesseiras e instrumentais em detrimento da legitimidade de uma terceira via. A rede caiu na vala comum”, analisa o cientista político e professor da PUC Minas, Gilberto de Barros Damasceno. Mas, segundo ele, a Rede não teve outra alternativa, depois que não conseguiu o registro oficial do partido.    Para o cientista político, o que prova a sua tese é o fato de as últimas pesquisas eleitorais mostrarem queda das intenções de voto no presidenciável Eduardo Campos (PSB) e aumento dos brancos e nulos. “Marina está perdendo a capacidade de transferir voto, isso mostra a perda de legitimidade que a Rede tinha e acabou se tornando um partido auto referenciado na busca de vencer as eleições. Deixou órfã uma parte do eleitorado que vai votar branco e nulo”, conclui.    Para o professor de direito constitucional da PUC Minas e Conselheiro federal da OAB, Mário Lúcio Quintão, os votos que Marina angariava eram personalistas. “Ela tem um eleitorado muito ético, que quer a renovação política. Esse eleitorado vê no discurso do Aécio Neves e do Eduardo Campos nuances da política tradicional”, disse.    Quadro em São Paulo ainda pode ser revertido   A pré-candidata a vice presidente na chapa de Eduardo Campos (PSB), Marina Silva, não aceitou o apoio do PSB ao candidato à reeleição pelo PSDB, Geraldo Alckmim, em São Paulo. Ela disse que vai trabalhar para tentar reverter este quadro, que só se confirma na convenção estadual, prevista para 21 deste mês.    Marina defendeu candidatura própria nos principais estados brasileiros e disse que isso já acontece em pelo menos 13 deles.   A ex-senadora não poupou críticas à gestão tucana na capital paulista. “A gestão do PSDB em São Paulo na área ambiental, para citar um exemplo que nos é muito caro, talvez seja uma das mais difíceis que o movimento ambientalista observa. É só verificar o que está acontecendo com a crise de abastecimento de água, tudo que acontece em relação à desconstrução de conquistas históricas que se havia alcançado no decorrer de outros governos”, afirmou.    Ela, porém, descartou abandonar a coligação realizada entre seu grupo, a Rede Sustentabilidade, e o PSB, caso o partido caminhe com o PSDB em São Paulo ou Minas Gerais. De acordo com Marina, nestas hipóteses a Rede manterá sua independência e não subirá em palanques tucanos. “Caso isso não seja revisto em São Paulo, obviamente que não vamos subir, a Rede Sustentabilidade, no palanque. Até porque, o Governador Alckmim com certeza apoia seu candidato a presidente da República, que é uma pena”, disse.   PNPS   A ex-senadora também se posicionou sobre o polêmico decreto presidencial que criou, em 23 de maio, a Política Nacional de Participação Social. Marina se mostrou favorável à política, mas lamentou que ela tenha sido apresentada só agora, em período pré-eleitoral. “Infelizmente essa política vinha sendo debatida há muito tempo e só agora ela é apresentada, regulamentada, com problemas ainda. Porque a atualização de participação tem que incluir as formas modernas”, disse, referindo-se à internet. 

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