Modalidades de corrupção no Brasil dão prejuízo de R$ 10 bilhões

Amaury Ribeiro Jr. e Rodrigo Lopes - Hoje em Dia
29/10/2013 às 06:37.
Atualizado em 20/11/2021 às 13:43

Estudos da Controladoria Geral da União (CGU) revelam que, nos últimos 11 anos, mais de R$ 10 bilhões foram desviados nos diversos tipos de corrupção no país.

Obras

Em licitação dirigida, uma empresa ganha um contrato superfaturado com o governo. Depois, aditivos encarecem a obra. O desvio é dividido. Órgãos contratam serviços de supervisão, que acabam contribuindo e participando da corrupção. 

Emendas

Cada deputado ou senador tem R$ 15 milhões por ano no Orçamento, que destina para a obra ou compra que quiser. As emendas podem ir para financiadores de campanha, como no caso da máfia dos sanguessugas. Nos oito anos do governo Lula, as emendas individuais saltaram de R$ 2 milhões para R$ 15 milhões por ano.

ONG

Há dois meses, a Polícia Federal desbaratou um esquema do Instituto Mundial de Desenvolvimento e Cidadania (IMDC), que desviou mais R$ 400 milhões fraudando licitações para prestação de serviços diversos. A parceria é uma forma de implementar políticas sociais. Somente em 2011, cerca de 73 mil entidades receberam mais de R$ 2,7 bilhões do governo. O problema é que não há garantia sobre a efetiva aplicação dos recursos.

Publicidade

Foi a fonte do mensalão. Auditorias têm identificado problemas em ações publicitárias contratadas pelo governo. Em muitos casos, os editais para escolher as agências favorecem empresas. Concorrentes apresentam preços fictícios. As agências “vencedoras” subcontratam empresas ligadas a políticos para realizar serviços.

Consultoria

A Fundação Nacional de Saúde (Funasa), em convênio de R$ 6 milhões com a Associação dos Povos Indígenas do Tumucumaque (Apitu), conseguiu desviar todos os recursos. Os serviços de consultoria nunca foram prestados. O dinheiro foi parar nos cofres dos comitês do PMDB. Para cometer as fraudes, os órgãos utilizam o critério de “notória especialização”. A empresa de consultoria recebe o pagamento, apresenta papelada qualquer como se fosse produto de estudo e repassa o dinheiro arrecadado a políticos ou agentes públicos envolvidos em sua contratação.

Eventos

São os que roubam fazendo festa. Municípios e ONGs recebem milhões da União para promover festividade popular. O dinheiro seria para contratar palco, equipamentos, artistas e divulgação. Sem licitação, a escolha de fornecedores é indicada por políticos. O governo identificou irregularidade em vários contratos, que somam quase R$ 20 milhões. A CGU mostrou que era prevista a contratação de 66 bandas para a realização de eventos e festejos juninos em 22 cidades. Foram liberados R$ 2,4 milhões. Na prestação de contas, as notas não fechavam com os valores recebidos. 

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