Moro põe operador do MDB em domiciliar para cirurgia

Estadão Conteúdo
15/02/2018 às 15:28.
Atualizado em 03/11/2021 às 01:22

O juiz federal Sérgio Moro mandou o lobista Jorge Luz para prisão domiciliar por um prazo de três meses para que ele possa passar por uma cirurgia em um hospital no Rio de Janeiro. O operador ligado ao MDB está acometido por um câncer "com grau de agressividade alto", segundo seus advogados. Luz está condenado a 13 anos e 8 meses por corrupção e lavagem de dinheiro na Operação "Lava Jato".

A defesa informou Moro de que O "plano recomendado" pelo médico do lobista "seria de internação no Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro/RJ, com a realização de exames preliminares, sendo a cirurgia agendada em seguida".

Luz "deverá ficar internado por 14 dias após a cirurgia e após esse período deverá ter alta e fazer controle periódico e semanal em seu consultório até o completo restabelecimento", de acordo com os advogados.

"A previsão é de que o tratamento dure 60 dias, desde a internação até a alta", informaram ao juízo.

"Não obstante, considerando-se que se trata de prisão provisória, que o condenado possui elevada idade (74 anos) e que está acometido de doença grave, a prudência recomenda, para evitar que o recolhimento ao cárcere comprometa de qualquer forma o êxito dos cuidados médicos recomendados, a concessão a ele de tratamento mais leniente, enquanto durar o tratamento", considerou Moro.

Moro afirmou entender "não ser o caso de revogar a prisão preventiva de Luz, mas disse ser "pertinente a concessão do benefício da prisão domiciliar, com tornozeleira eletrônica, enquanto durar o tratamento e até nova deliberação do Juízo".

Luz terá de entregar os passaportes à Justiça até esta sexta-feira, 16. Ele está proibido de deixar o País. Moro mandou a PF colocar tornozeleira eletrônica no operador do MDB.

Condenação

Em outubro de 2017, Luz foi condenado a 13 anos e 8 meses de prisão em primeira instância. Ele foi acusado de atuar junto aos lobistas Fernando Soares e Julio Camargo na operacionalização de propinas de R$ 15 milhões a políticos do MDB oriundas da contratação do navio-sonda Petrobras 10.000 do estaleiro coreano Samsung ao custo de US$ 586 milhões entre 2006 e 2008.

Colaboração

Em depoimento ao juiz Sérgio Moro, Jorge confessou pagamento de R$ 11,5 milhões aos senadores Renan Calheiros (MDB-AL) e Jader Barbalho (MDB-PA), ao ex-ministro de Minas e Energia do governo Lula Silas Rondeau, e ao deputado federal Aníbal Gomes (MDB-CE). Os repasses teriam ocorrido em contrapartida do suposto apoio dos políticos para fortalecer os ex-diretores da área Internacional Nestor Cerveró e de Abastecimento, Paulo Roberto Costa, na estatal, após solicitação de Fernando Soares, em 2005.

Em uma planilha entregue à Justiça Federal do Paraná, em agosto de 2017, Jorge Luz identifica US$ 418 mil dos R$ 11,5 milhões em propinas que confessou ter intermediado aos senadores Renan Calheiros (MDB-AL) e Jader Barbalho (MDB-PA), ao ex-ministro de Minas e Energia do governo Lula, Silas Rondeau, e ao deputado federal Aníbal Gomes (MDB-CE).
Leia mais:
Lula pede suspensão de perícia sobre sistema de propina da Odebrecht
PF prende irmão de Dirceu após ordem de Moro
Moro diz que recibos de aluguel de Lula não são 'materialmente falsos'
TRF4 nega tramitação de recurso pedindo absolvição sumária de Marisa Letícia

 

© Copyright 2024Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por
Distribuido por