Nos EUA, Campos diz que País 'não pode perder 2013'

Denise Chrispim Marin
11/04/2013 às 21:12.
Atualizado em 21/11/2021 às 02:45

Em sua estratégia de descolar o PSB da base de apoio do governo Dilma Rousseff e de consolidar sua candidatura para o Palácio do Planalto em 2014, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, declarou nesta quinta-feira que o País não pode "perder 2013". Campos bateu na incapacidade do governo de estimular o crescimento da economia sem disparar a inflação, condenou a intervenção do Executivo na Petrobras e criticou a demora na regulamentação de setores essenciais para atrair investimentos, como o de energia.

Campos apresentou seus pontos de vista à imprensa brasileira no prédio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), onde discursara sobre programas exitosos de sua gestão em Pernambuco durante a conferência "Fortalecendo a Capacidade do Estado para o Resultado". O convite havia sido feito pelo BID à Secretaria de Planejamento de Pernambuco. Mas ele próprio decidiu apresentar-se no evento.

"Precisamos ganhar 2013. O Brasil teve 2011 pior do que 2010, 2012 pior do que 2011", afirmou o governador, ao ser questionado sobre sua possível candidatura à presidência. "Já foi utilizado quase todo o ferramental macroeconômico, sobretudo de política monetária, para animar a economia. A depender das ações que serão tomadas, podemos comprometer 2013 e 2014. Cada um vai assumir as consequências do que vai ser adotado", completou.

Campos afirmou que o Comitê de Política Monetária (Copom) tende a elevar a taxa de juros básica da economia (Selic) na próxima semana, como meio de evitar uma disparada nos preços ao consumidor. A inflação nos doze meses encerrados em março alcançou 6,59%, segundo o IBGE. O governador não chegou a avaliar o mérito dessa possível decisão do Copom, mas afirmou ser necessário também um ajuste nos gastos públicos como meio de controlar a inflação. Conforme ressaltou, "quando a política monetária perde peso, a política fiscal ganha importância".

Em seu discurso ácido contra o governo, Campos delineou uma alternativa para promover o crescimento econômico sustentável. "O fundamental é controlar a inflação, atrair mais investimentos e ampliar o motor do consumo, o mercado de trabalho", afirmou. Nessa agenda, indicou, a gestão de Dilma Rousseff estaria atrasada.

Petrobras

Conforme afirmou, investimentos privados estão represados pela demora na regulamentação dos setores de gás e petróleo e por equívocos do governo na concessão de serviços portuários. Os investimentos públicos municipais - historicamente maiores do que os federais e os estaduais, sem incluir os de empresas estatais - foram reduzidos. Em especial, porque a União decidiu ampliar a renúncia fiscal a determinados setores valendo-se de impostos cujas receitas são repartidas com Estados e municípios.

A intervenção federal na formulação do preço da gasolina e de outros combustíveis nos últimos anos, insistiu ele, levou a Petrobras e o setor sucroalcooleiro a uma "situação indesejada". A política de manter esses preços mais baixos diminuiu a capacidade de investimento da Petrobrás e levou o País à necessidade de importar petróleo.

"A gente não pode cair na armadilha de ter um preço de combustível que não seja de classe mundial. Pode ser que não seja o caso de fazê-lo (um novo reajuste) neste momento. Mas isso (as perdas pelos preços baixos) se acumulou e teve forte repercussão na vida da Petrobras e do setor sucroalcooleiro", afirmou. "As consequências, como dizia o conselheiro Acácio, vêm sempre depois", completou, referindo-se a personagem emblemático de Eça de Queirós.
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