A segunda lista do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, é três vezes maior que a primeira. No comando da mais ousada ofensiva da Operação "Lava Jato", em que entregou ao Supremo Tribunal Federal 83 pedidos de inquéritos contra políticos com foro privilegiado, Janot superou sua própria performance, de março de 2015, quando requereu 28 inquéritos contra 49 deputados e senadores com base nas delações premiadas do doleiro Alberto Youssef e do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa.
Naquele ano, além dos 28 inquéritos, Janot solicitou arquivamentos e alguns pedidos de declínio de competência. Agora, com base nas delações premiadas de 78 executivos e ex-executivos da Odebrecht e da Braskem, ele pediu a abertura de 83 inquéritos ao todo, e mais 211 processos de declínio de competência (para que as investigações sejam conduzidas em outras instâncias inferiores), nove arquivamentos e 19 "outras providências", segundo informou a Procuradoria. Os números dos políticos investigados ainda estão sob sigilo, mas Janot pediu ao ministro Luiz Edson Fachin que torne públicos os autos dos inquéritos.
Desde a primeira lista de Janot, foram surgindo novas delações, como a do ex-senador Delcídio Amaral, e as investigações foram se aprofundando e envolvendo novos políticos. Nenhuma das colaborações até agora, contudo, tinha a mesma dimensão e o mesmo volume de provas que a da Odebrecht, com potencial para atingir alguns dos principais políticos dos principais partidos brasileiros, da base e da oposição ao governo, além de também de implicar políticos e agentes públicos em obras no exterior. Diferente dos outros casos, as colaborações da Odebrecht e da Braskem foram firmadas simultaneamente com Brasil, Suíça e Estados Unidos.
Os números dão a dimensão do novo estágio das investigações da maior operação de combate à corrupção na história do País, que revelou a existência de um esquema de loteamento político em troca de apoio a partidos e candidatos na Petrobras, e que agora segue avançando também para outras áreas do governo federal, além de poder chegar aos governos estaduais.
Do pacote inicial de Janot, foram apresentadas 20 denúncias contra 59 acusados perante o Supremo. Destas, seis denúncias já foram recebidas, sendo duas delas contra o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB), que após ser cassado em setembro de 2016 teve seus processos desmembrados para as instâncias inferiores.
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