José Dirceu, que o Supremo Tribunal Federal condenou como mentor do mensalão, passou o dia alimentando a ideia de ir nesta quarta-feira à reunião do Diretório Nacional do PT para reiterar que é vítima de um julgamento político. Os velhos companheiros o receberiam como a "um mártir".
A ida do réu ao PT, que ainda não está certa, poderá se transformar na primeira reação do ex-ministro chefe da Casa Civil que, por esses dias, tem demonstrado forte abatimento.
Perdeu-se no tempo a imagem daquele jovem ousado que não se curvou em Ibiúna, nos idos de 1968, quando a polícia política varreu o famoso congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE). Restaram-lhe os cabelos longos, agora grisalhos.
Desde que o Supremo passou a condenar, um a um, os réus da ação penal 470, Dirceu foi se convencendo de que também não escaparia.
Aos poucos, ele perdeu a eloquência do ministro mais poderoso do primeiro governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A esperança por uma absolvição, amparada nos argumentos de sua defesa e na esperança de que ainda teria alguma influência na toga, logo virou decepção ante o voto do ministro Joaquim Barbosa, que lhe atribui o papel de mentor de organização criminosa.
O que mais angustia o ex-ministro é o silêncio a que se impôs, orientação expressa de seus defensores, José Luís Oliveira Lima e Rodrigo DallAqua.
Os advogados agem com prudência. Eles não querem que um eventual pronunciamento de Dirceu soe como uma afronta à Corte. Amordaçado, é como afirma se sentir, logo ele, que se notabilizou como um contestador aguerrido.
Pessoas próximas contam que a cada sessão do Supremo Dirceu vive uma verdadeira tortura. Àqueles que não o abandonaram insiste em jurar inocência e afirmar que é alvo de uma demanda de caráter político e que é julgado por um "tribunal de exceção". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo
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