O problema dos médicos nas cidades brasileiras

Hoje em Dia
23/07/2013 às 06:17.
Atualizado em 20/11/2021 às 20:17

A Prefeitura de São Paulo informou no último fim de semana que sua rede de saúde tem um déficit de 2.800 médicos e que pretende contratar, até o ano que vem, 2.400. Vai publicar logo edital para garantir mais 2.400 até o próximo ano. A carência ocorre em nossa cidade mais rica, apesar de o ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD) afirmar que, entre 2005 e 2012, aumentou em 66% o número de profissionais da rede e que quase duplicou o de unidades de saúde, de 545 para 946. No entanto, descobriu-se que algumas áreas periféricas perderam médicos nos últimos quatro anos, ainda que a média nas unidades de saúde da capital paulista tenha aumentado 18% no período.

É possível que o problema tenha se agravado com a entrega das unidades de saúde à administração das Organizações Sociais (OS). Kassab dizia que elas teriam mais facilidade para contratar médicos, sobretudo nas periferias, pagando salários maiores. Segundo a prefeitura, o salário-base pago pelas OS’s vai de R$ 10.390 a R$ 12.770, para jornada de 40 horas semanais, enquanto a administração pública paga a seus médicos R$ 4.200 para jornada de 20 horas. Numa unidade distante 35 quilômetros do centro, uma dessas entidades paga até R$ 14.600.

“Há OS com unidades em que faltam médicos em seis das sete equipes de saúde da família e elas recebem todo o dinheiro”, admitiu o secretário municipal de Saúde, José de Filippi Júnior, que promete mudar essa situação de completa deficiência da administração pública em fiscalizar a área médica privatizada.

São necessárias mudanças profundas, e não apenas em São Paulo, como reconheceu o governo federal ao propor o programa Mais Médicos. Um pesquisador mineiro, o médico Giovano Iannotti, em artigo publicado no último domingo na internet, sob o título “Mais médicos para o Brasil – críticas e considerações”, diz que o governo Dilma Rousseff decidiu drenar um abscesso e não pode ceder às pressões das entidades contrárias a esse programa. Ele procura, entre outros pontos, desconstruir o mito de que médicos cubanos são mal formados. Diz que a formação deles é uma das melhores, como reconhecem vários países.

Iannotti cita estudo de Bárbara Starfield, professora da Johns Hopkins University, que deixa mal os EUA na área da saúde, apesar dos gastos do governo. Tal fato “deveria fazer pensar muitos médicos e professores brasileiros que têm os EUA como paradigma de medicina.”
 

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