(Editoria de Arte)
A política econômica de um possível governo do vice-presidente Michel Temer (PMDB) tende a ser conservadora, com redução de número de ministérios, corte de gastos públicos, além da flexibilização de leis trabalhistas e até uma possível elevação da idade mínima para aposentadoria, de acordo com avaliação de especialistas.
Segundo o professor de Economia Brasileira da PUC Minas, Ário Maro, a concentração de renda tende a aumentar. “Aquilo que vinha sendo feito, que era incluir uma parcela maior da população na economia, vai ficar em segundo plano ou até mesmo parado. Quem faz esse papel (de concentração de renda) também é a inflação, que tira muito mais da classe média do que dos ricos. Será a reconcentração de renda”, avalia.
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Em relação aos juros, Maro acredita que a redução da taxa não acontecerá imediatamente, o que só deve ocorrer após uma desaceleração dos preços. “Tem que torcer para a inflação cair, aí abre espaço para reduzir a taxa Selic, a partir do segundo semestre. Mas tudo passa pelo ajuste, a composição que ele pode fazer”, avalia.
Maro considera que a médio prazo a economia brasileira sairá da crise, de qualquer maneira, mas quem deverá arcar com o maior custo são os trabalhadores e os pequenos e médios empresários, principalmente com o possível retorno da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) que, na sua avaliação, será inevitável.
Experimento
Já o economista Marcus Renato Xavier, professor do Ibmec, avalia que uma possível gestão de Temer, que já negocia com prováveis candidatos ao Ministério da Fazenda, será a oportunidade para arrumar as contas do governo.
“Isso já traz sinalizações de que vai ter mudança importantes no sentido de estabelecer um política econômica um pouco diferente desse experimento que a gente viu com a Dilma nos últimos”, disse.
Marcus Xavier entende que num eventual governo Temer serão restabelecidos parâmetros para superar esse momento de crise. “A sinalização de que vai ter lá na frente um equilíbrio fiscal já é positiva para restabelecer um pouco a reputação que o país perdeu”, afirma.
Agricultura
O deputado federal mineiro Marcos Montes (PSD), que votou a favor do impeachment e está sendo cotado para o Ministério da Agricultura, reconhece que Temer não deverá ter recursos para fortalecer o setor. Ele avalia que será necessário a participação de vários partidos para garantir a governabilidade.
“Temer vai ter dificuldades extremas para tirar a economia da situação que se encontra. Provavelmente, vamos ter que ter medidas duras e, por isso, essa coalizão é importante. É claro que vamos ter que entender o momento, o governo não vai chegar lá e aumentar o plano safra. Não há recurso para isso”, reconhece.
O deputado federal Marcus Pestana (PSDB) disse que o partido não comporá um possível governo Temer, mas deve sugerir ações. Como prioridade, ele cita a redução da máquina pública, o corte em cargos comissionados, a redução de ministérios e as reformas tributária, trabalhista e política.