Possível candidato ao Palácio do Planalto, em 2014, o governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, idealizou um cenário eleitoral considerado viável na tentativa de barrar a reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT). A união com o senador Aécio Neves (PSDB), possível candidato mineiro.
A união já foi ensaiada várias vezes, mas as ideias não pousavam à mesa de negociações. Desta vez, Campos chegou a sondar o PSDB sobre a possibilidade de Aécio desistir de sua candidatura ao Planalto, lançando o governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia (PSDB), para vice do presidente nacional do PSB.
Aécio teria, então, a garantia de concorrer ao pleito em 2018, com o apoio de Campos, que também trabalharia pelo projeto de lei do senador, a ser apresentado no Congresso, acabando com a reeleição.
Vários socialistas confirmaram a ideia, porém, recusando declarações oficiais. “Eduardo jamais pediria para Aécio desistir. Acho que a candidatura dos dois é irreversível. Mas, se essa situação de entendimento viesse a ocorrer, seria muito bom para o Brasil”, desconversou o deputado federal Júlio Delgado (PSB).
Segundo eles, a equipe de marketing do governador chegou à conclusão de que o cenário eleitoral para a oposição é difícil. Isto porque a presidente Dilma Rousseff (PT) tem avaliação ótima ou boa por 65% dos eleitores brasileiros. No dia 22 de março, o Datafolha mostrou que se a disputa fosse neste ano a presidente seria reeleita com 58% dos votos. Campos teria apenas 6% e Aécio 10%. O potencial de votos de Dilma alcança 76%.
Números internos dos partidos confirmam o quadro. Pensando nisso, os marqueteiros de Eduardo Campos concluiram que o governador não tem penetração no Sudeste e Aécio Neves ainda não tem alcance no Nordeste, reduto do pernambucano.
“Hoje, o vice dos sonhos de Eduardo Campos é Anastasia. Além da imagem boa, de bom gestor, ele agregaria Minas Gerais. Se o quadro que Campos idealiza se concretizasse, as eleições não mais seriam decididas no Nordeste, mas no Sudeste”, diz uma fonte.
A proposta será feita, mas aliados de Aécio acreditam que, num primeiro momento, ele a recusará. Em Minas, a candidatura é tida como irreversível. Mas há a possibilidade de, em um cenário desanimador para a oposição, haver uma composição.
Senado
A ideia de Eduardo Campos é ainda tentar unir a ala tucana de São Paulo, que tem rixa histórica com Minas Gerais. Para tentar aparar as arestas, o pernambucano proporia ao ex-governador José Serra a candidatura ao Senado.
Se a estratégia fracassar, Campos negociará com o PSDB apoio de candidatos nos Estados a ambas as empreitadas presidenciais.