A base de sustentação do governo Dilma Rousseff (PT) começou a semana ainda mais fragilizada em função das manifestações do último domingo. Importantes lideranças políticas de partidos aliados já não garantem apoio à presidente, e isso pode influenciar diretamente a votação do processo do impeachment na Câmara dos Deputados.
O senador Romero Jucá (PMDB-RR), eleito no sábado como vice-líder do partido, afirmou que a relação da legenda com o governo Dilma Rousseff está se “esfacelando”. Nessa segunda (14), em discurso na tribuna do Senado, ele conclamou os políticos a trabalhar para construir uma “solução” para o país.
“Da eleição para cá, esse processo de entendimento e parceria foi se desconstruindo, se esfacelando. Alguns meses atrás foi dito que haveria uma reaproximação, que o Michel Temer ia coordenar a parte política e depois de algum tempo deu em água”, destacou.
Ele enfatizou que “setores majoritários” do PMDB defendem o afastamento do governo e disse que o partido não pode ser culpado pela crise econômica e pela falta de articulação política.
“O PMDB participa do governo, ajuda setorialmente, mas o PMDB não tem ingerência na política econômica, que está destruindo o país, na condução política, que está desagregando a base. Temos hoje um momento de dificuldade, de relevância, existem setores do PMDB que defendem a continuidade do governo e existem setores majoritários que defendem o afastamento”, argumentou.
Apuração
Já o deputado federal Mario Heringer (PDT) disse que a legenda já estava preocupada com a situação política do governo federal desde a semana passada, com as revelações da delação premiada de Delcídio do Amaral e os fatos envolvendo o ex-presidente Lula (PT).
O deputado lembra que, antes de tomar decisões, é preciso ver o que há de verdade nas denúncias. No entanto, as manifestações do domingo agravaram o cenário.
“Nós respeitamos muito as manifestações. É a sociedade real, é sinal de insatisfação. O PDT, depois desse movimento, vai começar uma discussão se fica no governo. Não dá para sustentar posições que são insustentáveis do ponto de vista ético e moral. Estamos caminhando para a independência”, afirmou.
Ainda nessa segunda (14), o ministro das Cidades Gilberto Kassab, do PSD de São Paulo, evitou comentar a permanência de sua legenda no governo de Dilma.
Assim como o PMDB, parceiro mais próximo do PT e, ao mesmo tempo, o mais desleal, o PSD ensaia o abandono do barco.
Fidelidade
O PCdoB é o partido aliado mais fiel ao PT desde que Lula chegou ao poder no planalto, em 2003. No entanto, o partido também está insatisfeito com a condução da crise política.
O deputado federal Wadson Ribeiro (PCdoB) afirmou que é contra qualquer tipo de derrubada da presidente Dilma Rousseff, mas a legenda defende um governo mais amplo.
“Qualquer saída da Dilma é golpe. Reunir seis milhões de pessoas é diferente de 54 milhões”, afirmou, comparando o público presente nas manifestações de domingo e os votos que a presidente obteve nas Eleições de 2014.
(*Com Agência Estado)