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O ex-assessor Marcier Trombiere, que chefiou a comunicação dos ministérios da Saúde a das Cidades, é suspeito de receber propina para viabilizar facilidades em contratos públicos para as empresas Agnelo Pacheco Criação e Propaganda e Pepper Comunicação Interativa. Os negócios com o governo foram intermediados pelo empresário Benedito Rodrigues de Oliveira, o Bené, que omitiu a participação de Marcier em seu acordo de delação premiada e, por isso, poderá perder benefícios pactuados com investigadores da Operação Acrônimo.
O envolvimento do assessor, alvo da 11ª fase da operação, deflagrada, no entanto, na colaboração da empresária Danielle Fonteles, dona da Pepper, que admitiu ter participado das fraudes. Caberá à Procuradoria-Geral da República (PGR) avaliar se cabe rever o acordo com Bené. Conforme as investigações, a pedido de Bené, Marcier conseguiu que a Agnelo Pacheco fosse contratada para campanha de combate à dengue no Ministério da Saúde. Na época, ele era secretário de comunicação da pasta. A agência, no entanto, não teria executado os serviços, que foram terceirizados à Pepper. Danielle contou que, em troca da intermediação, a Pepper repassou R$ 283 mil a Bené. Em seus depoimentos, ela disse que sugeriu que o empresário pagasse R$ 120 mil, a título de comissão, a Marcier, o que, segundo ela, ocorreu.
Marcier foi transferido para cargo de coordenação na comunicação do Ministério das Cidades. Ali, segundo a Acrônimo, também atendeu a pedido de Bené para contratar a Agnelo Pacheco para as campanhas "Mãos no Volante" e "Rotas da Cidade". A Pepper foi novamente subcontratada e pagou R$ 310 mil à Agnelo e à agência Propeg Comunicação. Marcier também teria viabilizado negócio de divulgação da campanha "6º Salão do Turismo" no Ministério do Turismo. Danielle contou ter sido procurada por Bené, que disse ter captado o contrato, de R$ 332 mil, valor a ser pago pela Agnelo Pacheco. Em troca, a Pepper repassou R$ 127 mil a duas empresas ligadas a Bené. Para dar aparência de legalidade aos pagamentos, foram emitidas notas fiscais frias, informou a delatora.
Marcier já havia sido preso em 2014, na 1º fase da Operação Acrônimo, quando voltava de Belo Horizonte com Bené num jatinho, transportando dinheiro de origem suspeita. Na época, ela colaborava para a campanha de Fernando Pimentel (PT), ao Governo de Minas. O petista, que foi eleito, também é investigado na Acrônimo, mas não é alvo da fase desta quinta. Marcier, Bené e Agnelo de Carvalho Pacheco, dono da Agnelo Pacheco Criação, foram conduzidos coercitivamente para prestar depoimentos à PF. O juiz substituto Ricardo Augusto Soares Leite, da 10ª Vara Federal, em Brasília, autorizou também buscas nas casas e empresas dos envolvidos.
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