PF realiza buscas em endereços de Pimentel

Ezequiel Fagundes - Hoje em Dia
25/06/2015 às 08:54.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:38
 (Wesley Rodrigues)

(Wesley Rodrigues)

Agentes da Polícia Federal (PF) de Brasília cumprem em Belo Horizonte, na manhã desta quinta-feira (25), mandados judiciais da segunda fase da operação Acrônimo, que investiga o empresário Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, o Bené, o governador de Minas, Fernando Pimentel (PT), e a primeira dama do estado, Carolina Oliveira. Fontes ouvidas pelo Hoje em Dia informaram que a Polícia Federal chegou a pedir ao Superior Tribunal de Justiça a realização de busca em uma das sedes do governo e na sede do PT mineiro. A PF também fez busca e apreensão num hangar em Belo Horizonte. Porém, os mandados para estes locais foram negados.

Conforme a PF, a ação pretende cumprir 19 mandados de busca e apreensão, sendo 7 em Minas Gerais (6 em Belo Horizonte e 1 em Uberlândia), em Brasília (10), São Paulo (1) e Rio de Janeiro (1). Os mandados ocorrem na sede das empresas agência Pepper Comunicação, Diálogo, Roller Print, MDM e OPR, antiga P-21. Essa última empresa teria pertencido ao governador de Minas, o petista Fernando Pimentel, que é investigado na operação.

Em Belo Horizonte, agentes da Polícia Federal se posicionaram em frente ao escritório e à residência do governador. O prédio onde mora Pimentel fica ao lado do escritório. Um advogado e assessores de Pimentel foram ao local. A assessoria informou que a busca foi realizada no prédio onde funcionou um escritório político da campanha de 2014 do petista. Os agentes chegaram no escritório do petista por volta das 5h e saíram por volta de 11h, levando um malote de documentos e uma CPU. 

Segundo fontes, o hangar no aeroporto de Belo Horizonte teria sido usado pelo governador de Minas e por sua mulher para a viagem de lua de mel, para Punta del Este, no Uruguai.

Segundo a PF, uma equipe de Brasília veio para Minas para atuar na operação. Não foi expedido mandado de prisão. A operação corre em sigilo.

Durante a primeira etapa da operação, em abril, os federais realizaram busca e apreensão de documentos nas empresas de Bené e em um imóvel usado até o ano passado por Carolina Oliveira, em Brasília.

Em 19 de junho, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) recebeu um inquérito que apura o suposto envolvimento de Pimentel no esquema de lavagem de dinheiro operado por Bené por meio de contratos milionários com o governo federal, além de indícios de crimes eleitorais na campanha do PT em Minas em 2014.

Carolina, por meio de advogado, refuta qualquer envolvimento. Já o governador mineiro tem evitado até agora falar sobre a investigação. No STJ, o inquérito contra Pimentel está sob a relatoria do ministro Hernan Benjamin. A Acrônimo foi iniciada em outubro do ano passado, quando a PF apreendeu, em Brasília, R$ 113 mil em espécie dentro do avião de Bené, que vinha de Belo Horizonte. A Gráfica e Editora Brasil, controlada por Bené, foi contratada para prestar serviços na campanha de Pimentel ao governo de Minas. Além da capital mineira, a PF cumpre mandados em São Paulo. O ex-deputado federal petista Virgílio Guimarães também está entre os investigados.

 

Ação no Distrito Federal

A Polícia Federal apreendeu na sede da agência de publicidade Pepper, em Brasília, um computador e mochilas com materiais. A Pepper é uma empresa contratada pelo PT para cuidar da página do Facebook da presidente Dilma Rousseff. Carolina Oliveira, mulher do governador e um dos alvos da Operação, trabalhou na agência de publicidade.

Os policiais chegaram à sede da agência no início da manhã e a busca prosseguia por volta das 12h30. A ação foi autorizada pelo ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Herman Benjamin, relator da Operação Acrônimo no Tribunal. O magistrado tornou-se relator do caso no Tribunal na semana passada, quando recebeu um pedido de inquérito encaminhado pela Polícia Federal para investigar a suposta participação de Pimentel no escândalo.

 

Confira na íntegra a nota do Governo de Minas

A operação de busca e apreensão pretendida contra o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, e a realizada na manhã desta quinta-feira, 25 de junho, no seu antigo escritório particular, em Belo Horizonte, é a extensão da arbitrariedade cometida anteriormente, quando os policiais estiveram no apartamento de sua esposa, em Brasília.

Com base somente em ilações e deduções fantasiosas, essa investigação prossegue eivada de irregularidades, tanto que os pedidos para a realização de busca e apreensão nas sedes do governo de Minas Gerais, na residência oficial e na residência particular do governador, e ainda em relação a sua esposa, foram negados pelo ministro Herman Benjamin, do Superior Tribunal de Justiça, por considerá-los desarrazoados.

É importante ressaltar que o órgão competente negou à Polícia Federal o prosseguimento de atos sem base legal e sem fundamentação em fatos que os justificassem. Embora oportunamente impedida, esse tipo de arbitrariedade merece o repúdio da sociedade civil. O governador e sua esposa reafirmam sua confiança na Justiça e colocam-se, como sempre estiveram, à disposição das autoridades para qualquer esclarecimento, o que torna desnecessária e abusiva a reiterada tentativa de utilizar esse tipo de medida policial.

Todas as providências necessárias para assegurar o respeito ao direito individual, à legalidade e à autonomia federativa serão tomados para coibir o abuso e a arbitrariedade na condução do inquérito policial. Resistiremos a qualquer tentativa de impor a Minas Gerais constrangimentos indevidos e anti-republicanos.

Superintendência Central de Imprensa
Subsecretaria de Comunicação Social
Governo de Minas Gerais 

 

Operação

A Operação Acrônimo foi deflagrada no fim de maio, quando foram realizadas buscas na casa da primeira-dama de Minas e na sede de uma antiga empresa que pertencia a ela. Na semana passada, contudo, o caso chegou ao STJ diante de investigações que passaram a envolver a suposta participação do governador.

A apuração teve início em outubro de 2014, quando a PF apreendeu um avião que voava de Minas a Brasília com R$ 113 mil a bordo. Estava na aeronave o empresário Benedito Rodrigues, o Bené, que é próximo a Pimentel e possui empresas do setor gráfico. Bené chegou a ser preso na primeira fase da operação, mas deixou a cadeia após pagar fiança.

O advogado de Pimentel, Antônio de Almeida Castro, o Kakay, disse que esteve na semana passada com o ministro Herman Benjamin e pediu acesso ao inquérito.

O advogado disse que o governador se colocou à disposição para esclarecer dúvidas. A PF suspeita de atos ilícitos envolvendo a campanha de Pimentel ao governo do Estado. "As investigações têm de ser feitas e qualquer cidadão apoia, mas parece que está havendo competição de qual investigação é mais importante", reclamou Kakay.

 

Atualizada às 14h34

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