(Antonio Cruz/Agencia Brasil)
A filiação do presidente Jair Bolsonaro ao Partido Liberal, o PL, está acertada e deve ocorrer, ao que tudo indica, no próximo dia 22, em uma referência ao número do partido nas urnas e também para reforçar o ano em que ocorrerão as próximas eleições. A informação é do deputado federal Lincoln Portela, vice-presidente do diretório mineiro da sigla e também vice-líder da bancada na Câmara. “É o desfecho natural de um casamento cheio de afinidades”, comemorou. “Nós do PL temos com o presidente muita proximidade, tanto que votamos com o governo em 93% das pautas”, afirma Portela.
A filiação de Bolsonaro ao PL foi anunciada na tarde de ontem pelo presidente nacional da sigla, Valdemar Costa Neto. Ele contou que o próprio presidente lhe telefonou informando que “o martelo estava batido”. Mais tarde, em entrevista à CNN, o presidente confirmou a informação e disse que teria uma última conversa com Costa Neto na quarta-feira (10) para, em seguida, “marcar a data do casamento”. ”Está 99% fechado. A chance de dar errado é quase zero. Está tudo certo”, frisou Bolsonaro à CNN.
Nono partido
O presidente Jair Bolsonaro está sem partido desde 2019, quando se desfiliou do PSL, pelo qual foi eleito em 2018, após divergências com o presidente nacional da sigla, Luciano Bivar, motivadas sobretudo pelo controle dos diretórios regionais. Bolsonaro anunciou então que criaria seu próprio partido, o Aliança Brasil, mas o projeto não prosperou.
Começava então uma intensa negociação com os partidos interessados na ficha do presidente. Além do PL, outras cinco siglas chegaram a ser sondadas - PMB, Patriota, PRTB, PTB e PP -, mas com cada um delas algum empecilho freava a decisão. Caso a filiação ao PL se confirme, será a nona legenda pela qual o presidente já passou em sua carreira política. Os outros oito foram: PDC, PPR, PPB, PTB, PFL, PP, PSC e PSL.
Para Lincoln Portela, pelo menos três pontos pesaram a favor do PL na briga pela ficha de Bolsonaro. “Eu cito o alinhamento do PL com as pautas do governo no Congresso Nacional, a defesa do liberalismo na economia sem abdicar das pautas conservadoras e, também, a proximidade histórica entre os ideais do presidente e os do PL.”
Como Portela recorda, em 2018 o partido esteve muito perto de abrigar Jair Bolsonaro, chegando inclusive a cogitar a composição da chapa com o ex-senador Magno Malta (ES) na condição de vice. “Somos um partido de palavra, então a vinda do presidente será boa para ele e boa para o partido”, arremata Portela.
Reforço
É esperado que, com Bolsonaro no PL, boa parte dos deputados federais e estaduais que hoje estão no PSL o acompanhem – o PSL se fundiu com o DEM, originando o União Brasil, de perfil oposicionista. Isso deve acontecer entre março e abril de 2022, no período chamado “janela partidária”, quando o parlamentar pode trocar de legenda sem ameaça de perder a cadeira. Para cargos de Executivo, como é o caso da Presidência da República, a mudança de partido pode ocorrer a qualquer tempo.
Em Minas, o PSL possui hoje cinco deputados federais e cinco estaduais. Segundo Portela, não é possível arriscar quantos vão acompanhar o presidente e também se filiar ao PL, mas ele acredita que a sigla certamente crescerá com a chegada de Bolsonaro. “Estamos aguardando inclusive deputados de outras agremiações, não somente do PSL”, afirma. O deputado prevê que, após a janela de transferência de março, a legenda assumirá a posição de segunda ou mesmo de primeira bancada da Câmara.
O PL é a terceira maior sigla da Câmara dos Deputados, com 43 parlamentares - atrás apenas do PSL, com 54, e do PT, com 53 -, além de quatro senadores. Em Minas, os deputados federais do PL são Lincoln Portela, Zé Vitor e Aelton Freitas. Na Assembleia Legislativa de Minas, são dois deputados: Léo Portela e Gustavo Santanna.