Planalto já admite utilizar reservas internacionais

Vera Rosa e Tânia Monteiro
15/03/2016 às 10:24.
Atualizado em 16/11/2021 às 01:48

No momento em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está a um passo de virar ministro, o governo começa a avaliar o uso de reservas internacionais para abater a dívida pública federal. Embora a presidente Dilma Rousseff descarte uma guinada na política econômica, como quer a cúpula do PT, a possível entrada de Lula na equipe provocará mudanças nessa seara.

"Essa perspectiva de queima de reserva pra investimento está descartada. Se for o caminho, será para pagar dívida, há uma reflexão sobre isso, mas nenhuma decisão a respeito", disse o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner.

A cúpula do PT e Lula insistem na necessidade de o governo usar um terço dos US$ 372 bilhões das reservas internacionais para a criação de um Fundo Nacional de Desenvolvimento e Emprego. A proposta consta no Programa Nacional de Emergência aprovado pelo Diretório Nacional do partido no dia 26 de fevereiro, mas Dilma e o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, sempre resistiram à ideia.

Na noite desta segunda-feira (14), deputados do PT se reuniram com Wagner e pediram mudanças na política econômica. A avaliação dos petistas é de que somente um novo rumo na economia, com liberação de crédito para incentivar o mercado de consumo de massas, salvará Dilma do impeachment. O PT também quer que o governo desista da proposta de reforma da Previdência.

O Palácio do Planalto já dá sinais de que vai arquivar o plano, por uma questão de sobrevivência política. "Nós não vamos arredar pé dessa pauta de mudança da política econômica", ressaltou ontem o deputado Vicente Cândido (PT-SP), um dos parlamentares que estiveram com Wagner.

O ministro-chefe da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, afirmou ao Estado que a economia já começa a dar sinais de reação. "Vamos mostrar que essa ideia de que o País está parado é falsa", declarou.
Embora os protestos de domingo tenham escancarado o mal-estar com a corrupção no País, Lula e dirigentes do PT argumentam que a situação de Dilma só chegou a esse ponto por causa da forte recessão e da queda no emprego. Com esse diagnóstico, o PT tentará, mais uma vez, fazer pressão para mudanças.

Tudo está sendo planejado no Planalto para fazer o ex-presidente desarmar o impeachment de Dilma. "Impeachment não é remédio nem para crise econômica nem para impopularidade", argumentou Wagner.

O chefe da Casa Civil disse, ainda, que a expectativa é de que até o dia 30 seja concluída renegociação da dívida dos Estados e municípios. "É para dar fôlego lá na ponta", afirmou ele, ao observar que o governo pretende dar prosseguimento a obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), com objetivo de aumentar o emprego. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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