(Antonio Cruz)
A Polícia Federal em São Paulo resolveu recusar o inquérito que investiga suspeitas de que o grupo Opportunity, do banqueiro Daniel Dantas, fez doações ilegais ao PT por meio do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza.
Trata-se de uma das várias apurações complementares ao processo julgado no ano passado pelo Supremo Tribunal Federal, que apontou desvios de dinheiro público e realização de empréstimos bancários fraudulentos para financiar um esquema de compra de apoio de parlamentares entre os anos de 2003 e 2005, no primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Nesse processo, a antiga cúpula do PT e o ex-ministro José Dirceu foram condenados por corrupção e formação de quadrilha. Valério, apontado como o operador do esquema, foi condenado por diversos crimes que somaram pena superior a 40 anos de prisão.
Sobre a investigação do Opportunity, a Polícia Federal paulista concluiu que o caso terá de ser investigado em outra cidade e, por isso, decidiu remetê-lo à Justiça para que um novo local seja escolhido.
O delegado Rodrigo Adriano Sandre, da Corregedoria da PF paulista, cita três capitais onde o grupo empresarial tem maior atuação e onde as investigações poderiam continuar: Rio de Janeiro, onde ficam a Brasil Telecom, atual OI Celular, e o Banco Opportunity; Belém, sede da Amazônia Celular; e Belo Horizonte, sede da Telemig Celular e domicílio de Marcos Valério e de suas empresas. "Tudo indicando que (os supostos crimes teriam se consumado em tais áreas", diz o delegado federal.
"No caso ora examinado, trata-se de investigar elementos de prova que confirmem que as empresas Brasil Telecom, Telemig Celular e Amazônia Celular, que pertenciam ao Grupo Opportunity, aderiram ao esquema criminoso montado pelo empresário Marcos Valério", diz Sandre.
"O certo é que não existe nenhum elemento nos autos que indique, por ora, que a consumação dos possíveis delitos tenha ocorrido no Estado de São Paulo", afirma o delegado federal.
O caso chegou em setembro a São Paulo por ordem do ministro Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal e relator do processo do mensalão. Barbosa acatou pedido da Procuradoria-Geral da República e desmembrou os autos para investigação sobre irregularidades que teriam ocorrido em contratos das companhias Brasil Telecom, Telemig e Amazônica. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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